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O homem do ano

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Disco com inéditas, biografia, HQ, documentário, filme de ficção: dez anos depois de sua morte, Mauro Mateus dos Santos – para os amigos de infância, Maurinho; para todo o Brasil, Sabotage – ainda é o cara

Murilo Meirelles

Sabotage

Sabotage

"Na sua meninice, ele um dia me disse que chegava lá.
Olha aí! Olha aí! Olha aí, ai, o meu guri, olha aí..."

Mauro Mateus dos Santos, maestro da periferia, ator de cinema, traficante dos dois revólveres na cinta, namoradinho da Dalva, filho da guerreira dona Ivonete, devoto de Iemanjá e sobretudo um devoto do rap nascido na favela do Canão, zona sul de São Paulo, disse em sua última entrevista, publicada postumamente na Trip de março de 2003, que Chico Buarque poderia muito bem estar falando dele quando escreveu o samba “O meu guri”. “Aquilo era o meu retrato no morro”, contou Sabotage, ou simplesmente Maurinho, que se descrevia na entrevista como “o cara que olha nas bolinha dos zoio”.

Sabotage completaria 40 anos no dia 3 de abril, mas não chegou ao 30º aniversário. Na madrugada de 24 de janeiro de 2003, às 5h50, quatro tiros lhe atingiram boca, ouvido e coluna cervical. Dez anos após sua morte, o autor do icônico “Rap é compromisso” (2000) é tema de um documentário, uma biografia, um disco com músicas inéditas e um filme de ficção. O produtor Denis Feijão negocia ainda com a família levar a vida de Sabotage ao cinema, sob direção de Walter Carvalho. Enquanto filmava com Carvalho o documentário Raul – O início, o fim e o meio, sobre Raul Seixas, o produtor conheceu Wanderson “Sabotinha”, primogênito do rapper. Na mesma época, foi apresentado a Jonathan Azevedo, o Negueba, ator espichado do grupo de teatro Nós do Morro, que tinha um sonho: fazer o papel de Sabotage num filme. “Ele é muito igual, tem os cacoetes, faz rima”, afirma Feijão.

A produção ainda não confirma, mas chegou à família a informação de que a viúva, Dalva, poderá ser vivida por Mariana Ximenes (a atriz diz que não sabe de nada, mas “adoraria”). Ela, Sabotage e Paulo Miklos, do Titãs, estrearam no cinema juntos, com O invasor (2001), de Beto Brant. Sabotinha, hoje com 20 anos, diz que poderá interpretar o pai quando bem jovem, na época do tráfico. Em fase de pesquisa e roteirização, o filme de Walter Carvalho talvez ganhe estrutura narrativa semelhante à de I’m not there, cinebiografia em que vários atores se revezaram no papel de Bob Dylan. “Acho impossível ter uma ficção [convencional] de personagens como ele, como Raul, Cazuza ou Tim Maia”, diz Feijão.

Ele define Sabotage como “o nosso 2Pac”, em referência ao rapper americano Tupac Shakur, morto a tiros, em 1996. No documentário  , que Feijão também ajuda a produzir, Sabotage se mostra um homem múltiplo. O cineasta Beto Brant, que o dirigiu, o alinha a Chico Science e Bob Marley. O amigo Rappin’ Hood compara: é o Garrincha do rap brasileiro. Para Alê de Maio, autor dos quadrinhos que estão nesta reportagem, era o Che Guevara das quebradas.

Alexandre de Maio

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Diretor do documentário, Ivan Ferreira quer colocá-lo na praça até o fim do ano. Já são 11 anos rodando: Ivan tinha 20 anos e era, como se define, um “maloqueiro playboy de Perdizes” quando entrevistou Sabotage pela primeira vez. Agarrou o desafio de costurar as “várias histórias desencontradas” sobre o homem por trás do mito – de uma suposta “letra de amor” escrita para o colega Mauricio Manieri até histórias de tempos menos adocicados numa boca de drogas na Vila da Paz, favela onde Sabotage morou nos anos 90.

O álbum com 11 faixas inéditas tem produção de antigos parceiros: Daniel Ganjaman, Tejo Damasceno e Rica Amabis, da banda Instituto. O disco, conta Tejo, “mostrará tudo o que ele é capaz de fazer”, o sincretismo musical que juntou o rap a gêneros como samba e rock. Já a biografia é assinada por Toni C., autor de O hip-hop está morto. Toni não conheceu seu biografado. Por pouco: o encontro aconteceria no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, onde o músico tinha compromisso naquele 24 de janeiro. Sabotage disse a amigos que pretendia estar de volta a São Paulo no dia seguinte, aniversário da cidade.

Há controvérsias

“Quando se trata de Sabotage, há muitas histórias mal contadas”, diz Toni. Segundo ele, por exemplo, diferente do que está cravado na Wikipédia e até em sua lápide, foi no dia 3 de abril, e não 13, que o filho de Júlio dos Alves Santos e Ivonete Mateus de Melo veio ao mundo. Aos 15 anos ele conheceu o pai, vulgo Julião Carroceiro, que às vezes aparecia bêbado. A mãe foi doméstica, costurou, passou. Fez de tudo um pouco para sustentar três filhos – o caçula, Maurinho, Deda, que se envolveu com o tráfico e morreu nos anos 90, e Paulinho, “sem saúde mental”, segundo Toni C. O barraco deles na favela do Canão não existe mais – a área, na avenida Jornalista Roberto Marinho, virou canteiro de obras do metrô. Crescer nessa quebrada formou o músico e o militante. Sabotage consagrou o lema “respeito é pra quem tem” em seu único disco, Rap é compromisso, lançado pelo selo Cosa Nostra, dos Racionais MC’s de Mano Brown. “Ele enxergava o rap como instrumento de mudança. Com o microfone na mão, a gente tem responsabilidade de levar nosso povo para coisas melhores. Povo preto, pobre, da periferia”, resume Rappin’ Hood.

Hoje, o Canão se restringe a poucas vilinhas, algo parecidas com a do seriado Chaves. Sabotage continua sendo “o cara” por lá. Seu rosto está grafitado num muro, e Tainá, jovem de 15 anos, carrega um pôster da irmã mais velha que exalta o “poeta, guerreiro e sobrevivente”. Rosângela dos Santos, 37, conheceu o menino no colégio. Lembra de um diálogo recorrente do colega, “corintiano roxo”, com uma professora “que pegava no pé dele”:

– Ô, Mauro! Mauroooo! Cadê sua lição?

– Tá aqui. Minha lição é minha música.

O aluno mostrava o caderno rabiscado com composições. Sabotage, que cursou o ensino fundamental, foi guardador de carros e feirante, falava em ser office-boy, mas entrou no tráfico mais ou menos na época em que a mulher, Maria Dalva, engravidou de Wanderson (as datas são incertas: o próprio Sabotage relatou à Trip que, aos 8 anos, já vendia droga). Antes disso, sem grana, Sabotage usava camisetas suas como fraldas para o bebê. De repente, fraldas descartáveis, leite em pó e outros “luxos” entraram na rotina. Opção que “ajudou a família”, diz o documentarista Ivan.

Mil grau

Mesmo com a nova atividade, que o levou a andar armado, não deixou a música de lado. Quando reencontrou Rappin’ Hood, camarada da zona sul com quem pegava metrô ao voltar do Clube da Cidade nos anos 80, deu seu número de bip (não tinha celular) e combinou de entregar fitas cassete com músicas suas. O material foi parar nas mãos do rapper Sandrão, do RZO. “Aquele moleque foi considerado ‘mil grau’. Era o momento dele”, diz Hood.

No começo dos anos 2000, o “mil grau” já pegava fogo: aparecia no Altas horas, da Globo, nos programas da MTV, no cinema – além de O invasor, fez Carandiru, de Hector Babenco, lançado meses após ele morrer. Sabotage, que chegou a passar pela antiga Febem e foi autuado duas vezes por porte de arma e tráfico, “nunca puxou cana”, diz Toni C. Mas sacava bem o Carandiru, onde tios e o irmão Deda ficaram presos. Numa cena antológica do filme, seu personagem beija a bunda de Rita Cadillac.

Alexandre de Maio

 

Segundo Rappin’Hood, pessoas “do movimento” estranharam o “Sabota” mainstream, fazendo show “em casa noturna de playboy”. Mas Sabotage transitava bem entre muitos meios e tinha amigos tão variados quanto Chorão, do Charlie Brown Jr., e os rapazes do Instituto. Hood e Sandrão chegaram a ir à boca de fumo para buscá-lo e falar com “o patrão”. O papel de Sabotage na boca, diz Rappin’, era o bê-á-bá: “Chegava a caranga: ‘Quantas vai, parceiro?’. E ele servia”. Até que a própria rapaziada do tráfico falou pros amigos: “Ele tem talento mesmo pra esse bagulho, tem mais é que cantar”.

Foi o que Sabotage fez até morrer. Gravou todos os dias daquela semana até ser alvejado na sexta-feira, na avenida Professor Abraão de Morais, no Jardim Saúde. Ia pegar um ônibus após deixar a “patroa” na concessionária na qual ela era auxiliar de cozinha. Morreu no hospital, cinco horas e meia depois. Essa história de amor, como tudo mais, começou no Canão. “Coisa de criança”, define Dalva. Aos 18 anos, a menina branca de cabelos claros reencontrou o namorado de infância. “A gente não chamava atenção pela cor, mas pelo cabelo espetado dele.” Tiveram dois filhos, Sabotinha e Tamires, de 18 anos. E há outra filha, hoje adolescente, que ele teve fora do casamento.

Duas coisas tiravam Sabotage do sério. “Quando tava com fome e quando ficava sem...”, diz Sabotinha, fazendo o gesto universal do “fumar um”. Ele conta que o pai também era chegado no vinho San Tomé, que lia muito (de jornal a dicionário) e escutava de tudo (de rap gringo a Sandy & Júnior). E que as trancinhas arrepiadas o obrigavam a dormir de bruços.

Em 13 de julho de 2010, um júri de quatro homens e três mulheres determinou que Sirlei Menezes da Silva era culpado pelo homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e impossibilidade de defesa) desse pai de família. A pena do réu, preso em 2004: 14 anos de prisão. Foi o último caso do promotor Carlos Talarico, hoje procurador da Justiça. “O processo indicava que, meses antes, ele estava com cada pé numa canoa: não sabia se a arte ia render ou se iria para a vida marginal.” Sabotage sabia que “tinha inimigos, de tretas antigas. Falava: ‘Se eu fizer sucesso, a inveja dos caras não vai deixar eu viver em paz’”, recorda Rappin’Hood, até hoje amigo da família que ainda mora no barraco de dois andares no Boqueirão, último endereço de Sabotage. “O sonho dele era sair da favela”, diz ele, que tem aconselhado os filhos do amigo a lutar por um bom acordo financeiro antes de dar OK à ficção que Walter Carvalho pretende rodar. “É real o bagulho. Não vem com caô, vem com contrato.”

Dalva ganha R$ 810 como auxiliar de limpeza numa filial do curso de línguas Fisk. Lembra de ter recebido só uma vez por direitos autorais do marido, pouco mais de R$ 2 mil. “Tá ruim ainda. Com fé em Deus, vai melhorar.”


Armazém Cultural

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Divulgação

Armazem Cultural

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Rola nesta quarta (10) em São Paulo a terceira edição do Armazém Cultural, evento que promove um intercâmbio de artistas de diversas disciplinas, como a música, ilustração, fotografia, cinema e dança. As atrações principais da noite são um pocket show da cantora paulista Rhaissa Bittar, que mistura um repertório de tango, forró, gafieira, samba, e um show da também paulistana Banda Filarmônica de Pasárgada, um dos mais comentados novos nomes da cena independente da capital paulista.

O evento é realizado pelas produtoras Luciana Aldegani e Mirian Bottan em parceria com a Casa do Núcleo. A terceira edição do Armazém Cultural conta ainda com uma sessão de live painting com um super time de artistas que inclui Humberto Kehdy, Feppa Rodrigues, William Mophos, Silvia Da silva, Reynaldo Berto Paulo e Fabio Gava.

Vai lá: III Armazém Cultural com Rhaissa Bittar e Banda Filarmônica de Pasárgada
Quando: quarta, 10/4, às 20h
Onde: Casa do Núcleo - Rua Padre Cerda, 25 - Alto de Pinheiros, São Paulo/SP
Quanto: R$20
Informações: (11) 3032-8401
www.facebook.com/acultural

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III Armazém Cultural

III Armazém Cultural

O príncipe em vinil

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Um presente para os colecionadores de vinil chega às lojas no final deste mês, em homenagem ao Dia do Vinil, dia 20. A Polysom relança ainda em abril os três discos mais cultuados da carreira do cantor Ronnie Von, do auge de sua fase psicodélica. São eles o auto intitulado Ronnie Von (1968), A Misteriosa Luta do Reino Parasempre contra o Império do Nuncamais (1969) e Minha Máquina Voadora (1970), tudo em versão 180 gramas com som remasterizado das fitas originais de gravação da época.

Os três discos, - ao lado do ainda fora de catálogo Ronnie Von (de 1967) que tem os Mutantes como banda de apoio -, representam a mais prolífica fase do Pequeno Príncipe. Ali estão "Anarquia", "Chega de Tudo", "Contudo, Todavia", "Dindi", "Pare de Sonhar com Estrelas Distantes", "Máquina Voadora", "Baby e Tal", "Continentes e Civilizações" e a indecorável "De como meu herói Flash Gordon irá levar-me de volta a Alfa do Centauro, meu verdadeiro lar". O preço sugerido é de R$ 70,00.

Os três lançamentos trazem as artes de capa e contracapa originais. Os discos chegam ao mercado integrando a série Clássicos em Vinil da Polysom, que já viabilizou relançamentos de Cabeça Dinossauro (Titãs), Todos os Olhos (Tom Zé), Nós Vamos Invadir Sua Praia (Ultraje a Rigor), A Tábua de Esmeralda (Jorge Ben), Usuário (Planet Hemp) e Secos e Molhados (Secos & Molhados), entre outros.

Vai lá: www.polysom.com.br

Guilherme Arantes

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Pedro Matallo

Guilherme Arantes

Guilherme Arantes

Guilherme Arantes não esconde de ninguém o gosto que tem pela música que mexe com o povo. Seu nome é sinônimo de pop romântico no Brasil, graças a um sem número de multiplatinadas trilhas de novelas e por aparições memoráveis diante dos maiores auditórios do país nos anos 70 e 80. Os Racionais MCs amam o cara. João Gilberto é só elogios a dele. Os novos nomes da música moderna o colocam em um patamar de cult. Enquanto isso continua compondo, continua gravando e continua lançando, desta vez de forma independente, a música que faz há quatro décadas.

 

"Tentei fazer um disco que fosse sanguíneo, que saísse sangrando emocionalmente. Minha tentativa foi fazer um disco furioso."

 

Seu mais recente disco é o Condição Humana, lançado pelo seu selo Coaxo do Sapo e gravado em seu estúdio-retiro no norte da Bahia, “perto de Salvador, que é um belo hub de embarque para todo o país”, como o próprio comenta. Produzido por ele mesmo com participações de peso que vão de Luiz Carlini a Edgard Scandurra, passando pelo quase-pupilo Marcelo Jeneci e por um coro com alguns dos maiores nomes da música contemporânea no Brasil, o cantor, compositor e pianista volta à cena com um disco de rock, que bebeu nos anos 70 as influências que desfila entre levadas harrisonianas. No que ganhou do próprio o apelido de “coral dos moderninhos”, Guilherme contou com a participação de um imenso coro na gravação da música “Onde Estava Você”: ali estavam Tulipa Ruiz, Kassin, Curumin, Thiago Pethit, Adriano Cintra (Madrid, ex-CSS), Mariana Aydar, Duani, Bruna Caram e Tiê, todos colaborando com o ídolo em seu primeiro disco desde Piano Solos, de 2011.

Guilherme recebeu a Trip em um cuidadosamente iluminado salão de jantar no hotel Marabá, centro de São Paulo, onde falou sobre a nova fase na carreira, a admiração pela música popular de fato, o pacto pelo fracasso no underground paulista e sobre como fazer um disco de pop rock sair da prensa sangrando.

O nome do disco é Condição Humana, que é um título bem forte. Como rolou a escolha do nome? Tem a ver com o momento que você está vivendo hoje?
O nome nasceu da música-título, que é um ragga rock. A letra fala sobre um planeta em mutação e eu vejo isso como uma coisa linda. Mas é um mundo tão instável e no qual a nossa condição é tão precária, que eu vejo que vivemos vidas perigosíssimas. Seja pelo vulcanismo ou qualquer fenômeno natural, tudo pode acabar em uma lambida do Sol. Vivemos a verticalização demográfica do planeta em uma ascendente exponencial preocupante. Não há emprego, planejamento familiar, nem nada. Vivendo em uma orgia de consumo da qual a humanidade faz questão de não se dar conta. Assim vamos em direção a um colapso. O mundo é estranho hoje e funciona de uma forma neutralizadora. É um mundo de paradoxos, com grandes problemas, ao mesmo tempo que encontra soluções magistrais. O nome vem dessas análises, dessa noção do ser humano viver preso à Terra enquanto procura distâncias cada vez mais insondáveis no universo. Tentei fazer um disco que fosse sanguíneo, que saísse sangrando emocionalmente. Minha tentativa foi fazer um disco furioso.

Você escreveu durante a produção do disco que queria fazer um disco “de colhões”. Ficou satisfeito com o resultado?
Muito! Sinto que o Condição Humana tem uma delicadeza especial enquanto tem uma pegada muito forte do meu piano. O piano é a âncora do meu som. É nele que sou único e é nele que reside “o som do Guilherme Arantes”. Não é um piano delicado, de cauda, tocado de forma sutil. É um piano de armário, socado, tocado com mão de pedreiro [risos]. Considero meu piano bem mais furioso do que o piano do Marcelo Jeneci, por exemplo, ou do Silva, que são pianos mais sutis. Sou mais espalhafatoso [risos]. Minha referência de piano vem de Ray Charles, Jerry Lee Lewis, que lembra um pouco o do Billy Joel, enfim, um piano mais de rock.

 

"O que está faltando para essa geração conseguir o sucesso do povo é sair desse gueto do 'o que a comunidade vai achar'. É como se um vigiasse o outro dizendo: 'olha, ninguém pode estourar, hein?'. Se estourar é mico..."

Pedro Matallo

A capa de Condição Humana, de Guilherme Arantes

A capa de Condição Humana, de Guilherme Arantes


Qual é o seu disco que mais tem a ver com o Condição Humana?
Meu primeiro disco [Guilherme Arantes, 1976], que saiu pela Som Livre e tinha “Cuide-se Bem”, “A cidade e a Neblina”, é muito bom. Ele traz uma bagagem toda de uma vida pregressa que você despeja no primeiro disco. Por isso existe a síndrome do segundo disco, que você não tem mais toda a vida pra ajudar [risos]. O Janeci é que está vivendo esse terror agora. Eu falo dele porque somos muito próximos e vivemos tirando sarro um do outro pelas similaridades nas nossas carreiras. Mas o Coração Paulista (1980), que é um disco bem mais roqueiro, parece mais com esse novo disco. Só que, no meu modo de ver, ele é um disco que não tem canções tão poderosas e inspiradas como o Condição Humana tem. Claro que tem algumas boas, como “Brasília” com o Boca Livre e a própria “Coração Paulista” com o Arnaldo Baptista (Mutantes) e com a Lucinha Turnbull (Tutti-Frutti) nos vocais. Mas olhando de uma maneira geral, acho que esse disco novo é único. É o que tem a maior energia concentrada de toda a minha carreira.

Foi bom você falar da Lúcia, porque eu queria te perguntar sobre ela. Ela completa 60 anos agora no fim de abril. Como foi trabalhar com uma pessoa que é tão talentosa e injustiçada no rock nacional como ela?
Eu conheci a Lucinha através do Liminha. Foi ele quem trouxe a Lúcia para a gravação de “Coração Paulista”. Ele era dos Mutantes e amigo de loga data dela. Isso foi em 1980, então já era pós-Rita Lee & Tutti-Frutti. O Liminha era o produtor do disco e tentou muito me fazer mais roqueiro [gargalhadas]. Ele fez dois discos meus e produziu muito bem o Coração Paulista. É um baixista monumental com um sentido de música aguçadíssimo. Ela é um barato; morava no Rio e dizia pro Liminha que me adorava. Por um tempo nós fomos bem amigos. É uma pessoa maravilhosa e uma guitarrista brilhante. Podíamos ter explorado mais a presença dela naquela música, mas é uma participação da qual eu me orgulho. Seus vocais eram perfeitos.

Qual era o seu objetivo final no que diz respeito à sonoridade?
Queria trazer de volta a minha sonoridade dos anos 70, algo que lembrasse o “Lindo Balão Azul” e coisas com essa pegada de piano. Fiquei muito satisfeito por podermos refazer várias vezes as músicas até chegarmos ao som definitivo que procurávamos. Fui buscar influências de R.E.M, de George Harrison e até de coisas bem mais pop rock basicão. Não abri mão de procurar a tal da batida perfeita [risos]. Ou melhor, a levada perfeita.

 

"Chegou uma hora que eu disse: 'Caramba! Eu ainda estou vivo como poeta'. Me sinto tão bom quanto sempre fui, senão melhor"


Mesmo assim você fez questão de não abrir mão de canções mais melódicas...
Com certeza. Tem músicas mais delicadas no disco. Tem até uma canção de gesta [música medieval dos trovadores da alvorada da literatura francesa no século XI] chamada “O Castelo do Reino”, uma música antiga que eu fiz com 14 anos, e que é uma coisa super renascentista. Pra mim, é um ponto alto do disco. É uma música que leva o ouvinte para um mundo da corte.

É nessa música que está uma das letras mais complexas do disco. Como foi esse processo de composição das letras em um disco tão autoral?
Acredito que me superei bastante como letrista nesse disco. Sinto que tive boas sacadas em várias letras, o que foi ótimo para mim. Chegou uma hora que eu disse: "Caramba! Eu ainda estou vivo como poeta". Me sinto tão bom quanto sempre fui, senão melhor. Fiquei muito feliz com o resultado final de uma forma geral. Estou passando por um momento virtuoso onde sinto que posso homenagear sonoramente coisas que eu acredito, como a Legião Urbana.

Você sente que houve influências dessa geração do rock no som do novo disco?
Sem dúvidas. Eu diria que são influências diretas. Por exemplo, na música “Moldura do Quadro Roubado”, eu fiz uma melodia que lembra muito “Índios”, da Legião. Essa música da banda é uma coisa ascensional que tem alguns dos sons mais lindos que eu já ouvi na vida. Então sinto que consegui juntar um pouco de tudo que eu sei fazer bem. O reggae que tem no disco não é purista e nem dub querendo ser style. É um reggae mais MPB que lembra mais um Djavan ou um som mais fusion de Los Angeles. Tem mais uma cara Maroon 5 ou até Stevie Wonder.

E qual o limite da mistura? Ainda existe isso na música brasileira?
O limite é o bom senso e isso é uma coisa que eu tenho de sobra [risos]. Houve bom senso de olhar, refletir, demorar-se a fazer uma canção. É um defeito da modernidade essa rapidez e esse imediatismo da rede social. Está faltando que as pessoas parem de postar um pouco para acumularem informação e energia. Isso mostra um pouco o colapso do modernismo.

Como assim?
A Semana de 22 fará em breve 100 anos. E esse modernismo foi uma espécie de combate ao excesso de academicismo e eruditismo na arte e na cultura. Oswald de Andrade e companhia se manifestavam por um mundo veloz, de imediato e rápido, onde a arte seria mais expontânea e menos elocubrada. Mais direta e veloz. E no fim do século XX, onde realmente o imediatismo se instalou na sociedade, acabamos com músicas ralas e de texturas bobas que não dizem nada para a minha geração. Eu gosto de compositores como Chico Buarque, que trazem um nível alto de lavoura poética em cima de seu trabalho. O cara vai ao limite da busca antes de dizer: “isso aqui está pronto e eu vou mostrar”. Então é isso que eu quero dizer: o que está faltando ao mundo é menos velocidade e mais erudição.

Mas você não sente que, lentamente, as pessoas estão se movendo em direção a essa “nova onda”? Hoje não faltam bandas com integrantes super novos que fazem pós-rock e sons mais “atmosféricos” cheios de referências eruditas mas que não tem nada a ver com progressivo, por assim dizer. Você não acha que essa mudança está chegando lentamente ao rock contemporâneo?
Vejo isso como uma consequência do que comentei anteriormente. As pessoas estão começando lentamente a responder a esse colapso do modernismo. Estão tentando burilar mais longe disso. A minha praia, dentro da minha especialidade que é a harmonia, exigiria mais acabamento das pessoas. Falta amor à música, gente indo para a noite aproveitar a efervescência cultural de uma cidade. O colapso do “pop star system” está ajudando nisso e fazendo as pessoas a trabalhar mais por prazer e por idealismo. São essas pessoas que cultivam o amadorismo, no bom sentido, que vão fazer a diferênça. Cantar por diletantismo. E não é nem que os jovens não têm amor à música. Os velhos também o perderam.

 

"Precisamos dos feios, dos nerds, dos melancólicos e dos desajustados para mover-nos adiante"


Algum exemplo em especial?
O mais claro, na minha opinião, é o do João Gilberto. Ele cantava no Ó Bom Gourmet com fumaça de cigarro, som ruim, ar condicionado ligado e barulhão de copos e de conversa, sendo que nada disso o impedia de subir no palco e cantar: “bim bom bim bom” [cruza as pernas e imita a voz do bossanovista]. O cara fazia uma revolução na música dentro de um bar barulhento cheio de fumaça de cigarro. Aí hoje o cara não suporta nenhum desses elementos, que dirá todos! [risos]. Como é que pode isso? Eu vejo isso como algo muitíssimo engraçado. Fora que é estranha essa perseguição que há com o cigarro hoje. Eu vejo como uma questão sintomática da tentiva de transformar tudo em clean. Se o mundo fosse assim, nunca teríamos Miles Davis, nem Rolling Stones, nem ninguém assim. Precisamos dos feios, dos nerds, dos melancólicos e dos desajustados para mover-nos adiante

O que parece é que estão tentando acabar com a ânsia de intoxicação das pessoas pra com isso uniformizar todo o panorama cultural. Claro que existem exceções, mas você acha que essa tentativa é geral e irrestrita?
O mundo só aclama quando vem existe um ruído e um estranhamento. É o único jeito. A música hoje tem que ser bem feita ao mesmo tempo que tem uma pegada transgressora. Por exemplo, a Maria Gadú. Ela é a cantora perfeita para essa geração. Ela é uma grande cantora mas que tem uma aspereza magistralmente dosada na voz. A mistura dessas características faz com que ela tenha hoje um produto musical perfeito. É um bom produto no nosso tempo. Ela nasceu com um troço louco. Eu me julgo um bom olheiro. Sei bem quando um artista é promissor.

 

"A obra de Mano Brown é maior que a de muitos poetas consagrados como Manuel Bandeira, por exemplo. Vão achar um absurdo um dizer isso. Mas imagina! Mano Brown é muito maior que Manuel Bandeira"


Falando em artistas promissores, você convocou um “coral dos moderninhos” para colaborar em Condição Humana. Como foi a seleção?
Eu adoro a música popular e esse métier da MPB, que inclui também você ser fã dos outros artistas. Mas por mais que você viva de música, você não pode perder o amadorismo. O entusiasmo é a palavra chave para essa geração que eu convidei pra gravar o coro de “Onde Estava Você”. Foi um exercício de alegria juntar todo esse pessoal no estúdio. Um exercício de felicidade sobre o que a gente faz. Estamos num ramo fodido e sem perspectiva de um grande retorno, mas nenhuma dessas pessoas quer o mainstream nem ser um popstar. Eu sempre fui um cara assim. Eu logrei muito êxito e consegui um sucesso popular, que é totalmente diferente de conseguir um sucesso de crítica. Com o povo, não tem marketing. O povão é arredio a isso e exige um fluir de verdade e sinceridade dentro de você. Quem me abriu os olhos pra isso foi o Mano Brown, dos Racionais MCs.

Pedro Matallo

Guilherme Arantes

Guilherme Arantes

Você e o Brown já trocaram elogios publicamente. Como é sua relação com ele?
Nos papos que a gente teve eu cheguei a perguntar. “Mas como é possível vocês [dos Racionais] gostarem tanto de mim?”. Porque a minha admiração por ele é bem objetiva. Acho o Brown um gênio da poesia em língua portuguesa. Ele é um esgrimista magistral das palavras. Ele tem um fluir de pensamento que é uma coisa complexa, de construções de uma beleza incrível. A obra dele é maior que a de muitos poetas da Academia Brasileira de Letras. Maior do que a de poetas consagrados como Manuel Bandeira, por exemplo. Vão achar um absurdo um dizer isso. Mas imagina! Mano Brown é muito maior que Manuel Bandeira. Acho o Bandeira um poeta maravilhoso, mas é aristocrático e tradicional demais quando comparado ao Brown. Os Racionais são uma coisa grandiosa.

E qual foi a resposta do Brown para sua pergunta. O que ele gosta no som do Guilherme Arantes?
Ele gosta das harmonias e das levadas. Ele fala da minha música com um entusiasmo que eu não conseguia entender. Sinto que eles estão aliciando minha obra para um público onde eu não imaginava ter fãs. O que ele me disse foi o seguinte: “Você sempre agradou os pobres. Você queria ser cantor popular, ser um cantor de auditório. Você foi no Sílvio Santos, no Bolinha e no Chacrinha porque você queria agradar as meninas pobres. Todo mundo, minha mãe, minhas tias, minhas primas, meu povo do Capão. Você entra na lista de Roberto Carlos, de Amado Batista. E não é qualquer um que entra nesse mundo da gente”. E aí eu entendi isso. Que eles sentem essa coisa sangrando da minha música, que vem de dentro mesmo. A elite é fácil de ludibriar pelo marketing. O povo de verdade, não.

Como você relaciona essa visão do Mano Brown com essa galera que você convidou para o coro no seu disco?
Essa geração que eu chamei é uma geração que existe no mundo todo. São os alternativos, os descolados. Eles são todos designers, videomakers, bloggers, jornalistas e produtores. É uma amálgama de profissões. O que está faltando para essa geração conseguir o sucesso do povo, do popular, é sair desse gueto do “o que a comunidade vai achar”. E eu falei abertamente com eles sobre isso. É como se um vigiasse o outro dizendo: “olha, ninguém pode estourar, hein?”. Se estourar é mico...

 

"Na minha geração teve as bandas do pop rock Ipanema/Leblon. Paralamas do Sucesso, Kid Abelha, Lulu Santos, Marina Lima, enfim... Todos cariocas de classe média alta e todos tentando fugir ao máximo do mico da breguice, do mico de ser popular."


É uma espécie de patrulha do underground?
Existe mesmo isso. E já aconteceu antes. Na época da Vanguarda Paulista, havia desde o início um pacto com o fracasso. E isso prejudicou muito carreiras como a de Itamar Assumpção e do Arrigo Barnabé. Ambos compositores maravilhosos que poderiam facilmente ter se tornado populares. Mas é preciso ter um pouco de vontade de ser povo para conseguir isso. Na minha geração teve as bandas do pop rock Ipanema/Leblon. Paralamas do Sucesso, Kid Abelha, Lulu Santos, Marina Lima, enfim... Todos cariocas de classe média alta e todos tentando fugir ao máximo do mico da breguice, do mico de ser popular. Sou de uma geração anterior. Eu frequentava a Jovem Guarda e ia aos festivais. Eu vi Caetano Veloso cantar “Alegria, Alegria” ao vivo no auditório. Não fui espectador distante disso. Eu estava lá. Então fui muito contaminado por essa histeria em torno do sucesso das bandas que aconteceu no mundo todo. Eu tinha vontade de viver um pouco a minha Jovem Guarda. Sempre gostei do povo. Nunca quis ser blindado contra a popularidade. E isso ou a pessoa gosta, ou não gosta. Por isso que eu sempre digo que não me importo se me acham brega.

Essa é uma frase recorrente sua. E ela é boa porque não quer dizer que você se ache brega.
Justamente. As pessoas vêem como uma pecha ser considerado brega. Mas eu não. E a frase é justamente essa. Eu não me importo em ser considerado brega. É diferente de ser brega. Se eu digo que não me importo em ser brega, é porque eu penso que sou. Mas o cara que compôs pra Elis Regina, com Nelson Motta, para Maria Bethânia, que era elogiado pelo Tom Jobim, por João Gilberto, não pode se considerar brega porque é o que as pessoas acham. Não sou nativo do povão nem venho de uma classe desfavorecida. Mas eu quis ser popular e agradar aos pobres. Por isso hoje o Mano Brown chega pra mim e fala: “Minhas irmãs adoram você. Você nunca cagou goma pros pobres enquanto muitos dos seus colegas só cagavam goma pra nóis”. Mas eu me considero um privilegiado. Tive muita sorte. Porque quando é bom ser considerado chique, sou elogiado. E quando é bom ser considerado popular, eu também sou. [risos]. Pego o melhor dos dois mundos.

Reprodução

O coral completo que integra o disco novo de Guilherme Arantes

O coral completo que integra o disco novo de Guilherme Arantes

O coral responde

Alguns dos convidados especiais de Guilherme Arantes falam sobre a participação no disco Condição Humana

Tulipa Ruiz: "No dia da gravação estava muito feliz com o convite e foi uma surpresa chegar no estúdio e ver tantos amigos, tantos músicos que o tem como inspiração. E foi incrível vê-lo satisfeito e comovido com toda aquela gente no estúdio, regendo o grupo todo empolgado. Toda hora alguém do coro dizia 'bicho, é o Guilherme Arantes!'. Sou fã desde pequena, desde 'Balão Azul'. Na infância e na adolescência ouvia suas músicas no rádio e todas eram hit, dava vontade de cantar. Guilherme Arantes faz parte da minha formação musical."

Curumin: "O Guilherme é muito intenso no estúdio e montou um arranjo muito bonito para o coral. Além da música ser um lindo clássico guilhermistico [risos]. Sou da época que o que tocava na rádio era o que a gente ouvia. Então, claro, ouvi muito Guilherme Arantes. Ele tem esse lance melódico muito bonito e cria aquela sensação de que você está voando. Foi muito legal ouvir a música no estúdio e sacar ele e a banda ainda fazendo som como antigamente."

Marcelo Jeneci: "Guilherme Arantes também é meu pai. Meu primeiro encontro com ele se deu quando ele veio a minha casa ouvir o disco que eu acabava de lançar, Feito pra Acabar. Foi um reencontro no primeiro encontro. Sou muito fã e fui influenciado direta e indiretamente por ele desde minha infancia. Guilhermão, I love you!"

Kassin: "Foi maravilhoso. Sou grande fã do Guilherme, então pra mim foi lindo poder participar de algo dele. A musica que gravamos é linda e ficou na minha cabeça desde entao. Escutei muito à música dele na minha formação musical. A relação dele com a harmonia é riquissima e isso é lindo de ver nos hits. São musicas com caminhos harmônicos personalíssimos."

Thiago Pethit: "Gravamos em um estúdio em SP, numa tarde inteira até o dia acabar. Toda a experiência foi muito tocante. Primeiro o convite, o Guilherme ligando de um a um... Imagina, receber uma ligação do Guilherme Arantes! É algo muito particular, nunca poderia imaginar isso. Acho que ainda não entendi de todo o que significa ter feito parte da história dele. Encontramos diversos amigos, trocamos fofocas, nervosismos pela presença no disco na hora de gravar e tudo o mais. E quando chegou a hora de aprender as melodias no piano, já estávamos todos 'em casa' e super a vontade. O trabalho do Guilherme transcende e muito a própria obra dele. É uma referência para tantos sons que vieram depois... Não saberia dizer o que dele tem no meu trabalho, porque não é uma referência clara e óbvia. Mas outras coisas que eu escutei muito e me influenciam, foram fundamentadas pela influência do som dele."

Bruna Caram: "Foi inesquecível estar no estúdio gravando com o Guilherme! Fiquei muito feliz por dividir os microfones com meus manos-de-geração, tenho orgulho do cenário cada vez mais vário e rico da música brasileira, e é muito bom se sentir parte de uma geração marcante. O Guilherme também representa uma geração, e suas canções embalaram a vida de todos nós, eu ouvi muito a música dele quando era criança, meu pai adorava, ouvia muito! O clima no estúdio era esse: de alegria, de orgulho, de força! Foi uma honra. Estávamos cantando em turma, em bando, e o Guilherme passando nota por nota e regendo o coro! Completamente emocionante e inspirador. Compus uma música assim que saí de lá, dentro do carro."

Ouça o disco na íntegra no Soundcloud:

Vai lá:  www.guilhermearantes.com.br

Wampire - Os góticos felizes nas festas a trabalho

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Os primeiros shows de muitas bandas se resumem a apresentações em lugares minúsculos e vazios em troca de, se tudo der certo, umas cervejas e só.

O método do Wampire parece uma ideia muito melhor, tocar em festas caseiras em sua cidade natal, Portland. É claro, que vez ou outra você pode ter que tocar embaixo da escada e provavelmente não vai ter passagem de som (como se os engenheiros de som desses lugares minúsculos prestassem mesmo atenção), mas pelo menos você tem a garantia de uma audiência melhor, um público mais relaxado que vai não só estar de melhor humor, mas que também pode acabar se aventurando em experimentações musicais (mesmo que sejam só umas notas fora) durante o set.

O estágio pelos cantos das festas certamente não parece ter feito mal a Rocky Tinder e Eric Phipps. Categorizados como uma banda indie/goth/horror pela Noisey, talvez em uma tentativa de classificá-los como uma espécie de Horrors do Oregon, o nome da dupla indica que eles não se levam muito a sério mesmo (ao que parece, vem de um apelido dado por um estudante de intercâmbio alemão com uma pronúncia tipicamente germânica, que mistura “v” e “w”). Em vez disso, insistem que só "queremos ser alegres e engraçados, fazer shows, ficar bêbados com pessoas bacanas e nos divertir".

Embora a perspectiva de mais uma banda de bigodinho, guitarra e synth possa disparar o alarme anti-hipster de algumas pessoas (e o fato de eles acabarem muitos shows só de cueca possa afastar outras), há uma alegria na música que rapidamente dissolve qualquer cinismo. Tinder descreve o álbum como "estranho", algo que "precisa ser mastigado um pouco antes de engolir", mas os primeiros sinais são de que ele vai descer numa boa.

O primeiro single, "The Hearse" , abre com o que parece uma imitação barata de uma linha de teclado de filme de terror mas, quando os ritmos alegres começam, fica claro não há Nosferatu que possa sobreviver a um ambiente tão ensolarado.

Depois vem "Magic Light", que soa como Julian Casablancas relaxando em uma ilha tropical com um coquetel, cercado por luzinhas de natal e curtindo o alívio de não estar numa turnê do novo álbum bem mais ou menos do Strokes. Enquanto isso, os outros membros do Stroke estão ocupados recrutando Gary War para ajudar a terminar "I Can’t See Why" e agradecendo a deus que Casablancas se foi.

Depois vem "Giants", que arranca com um fervoroso beat psychobilly que te arremessa pela porta de um trem fantasma, que você percebe ser, na verdade, um túnel do amor. Essencialmente, a faixa é um episódio clássico do ScoobyDoo em forma de musical.

Considerando que os dois tocam juntos desde o ensino médio, seriam perdoados por sentirem que demorou um pouco demais para chegar neste ponto. Em vez disso, Tinder está aliviado, dizendo que está feliz com o fato que o reconhecimento "aconteceu agora, pois agora temos um som que nós realmente ouvimos". É um som que você também deve realmente ouvir.

Kier Wiater Carnihan

O tribunal de Tom Zé

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André Conti

 Tom Zé, Tatá Aeroplano e integrantes do Trupe Chá de Bolso

Depois de ser bombardeado pelo Facebook quando apareceu narrando um comercial da Coca-Cola, Tom Zé, também chamado de vendido e contraditório por isso, transformou todos os julgamentos em um grande tribunal. Nasceu hoje, 22 de abril de 2013, o Tribunal do Feicebuqui, um EP com 5 músicas. As faixas não são diretamente uma resposta aos críticos, mas sim, pedidos de perdão e também abordagens cômicas sobre a situação e comentários dos internautas. A obra foi idealizada ao lado do jornalista Marcus Preto e faz parte de um próximo álbum que deve ser lançado em agosto.

Nomes da música brasileira atual, como Trupe Chá de Boldo, Tatá Aeroplano, O Terno, Emicida e Filarmônica de Pasárgada, não só acompanharam o parto de perto, como fazem participação especial nas músicas. Todo o processo de gravação foi feito no estúdio que fica no próprio prédio onde Tom Zé mora.

Você baixa o EP de graça pelo site, que vem acompanhado de um documento com a apresentação dos argumentos de acusação e suas defesas (composições e letras).

Vai lá: www.tomze.com.br

Som na tela

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Nomes como Neil Young, Os Mulheres Negras, A Tibre Called Quest e Ginger Baker, entre outros, mais parecem estar num line-up dos sonhos do que na lista dos retratados da edição 2013 da In Edit Brasil. Mas, por ser difícil reunir todos esses nomes sobre um mesmo palco, a dica aqui é aproveitar a mostra de documentários musicais que acontece em São Paulo, de 3 a 12 de maio, em variadas salas de cinema.

O In Edit surgiu em 2003, na cidade espanhola de Barcelona e de lá para cá já tem presença garantida na Argentina, México, Alemanha e Brasil. Com pouca relevância dentro do calendário cinematográfico paulista, o diretor do festival Marcelo Andrade lamenta a falta de “contatos quentes, que possam nos dar alguma prioridade”. Para ele, isso provoca um isolamento dentro da agenda cultural da cidade, “o que complica na divulgação”.

No entanto, mesmo sem tanta força, o In Edit Brasil se destaca de alguma forma graças aos títulos que compõem seu panorama. Da cena mundial, a edição deste ano traz – o inédito no Brasil - Searching for Sugarman, de Malik Bendjellou, filme vencedor do Oscar 2013 na categoria Melhor Documentário. Além dele, produções como Beware of Mr. Baker (Jay Bulger), que conta a história do lendário baterista Ginger Baker e Glastopia, documentário de Julien Temple, que revela um lado desconhecido do famoso festival de Glastonbury, fazem parte de um extenso catálogo de docs internacionais.

Já no panorama nacional, a história de Jards Macalé é contada em Jards, de Eryc Rocha, e em Música Serve Pra Isso: Uma História Dos Mulheres Negras, de Bel Bechara e Sando Serpa, conhecemos a carreira de uma das bandas nacionais mais criativas de todos os tempos. Na curadoria de ambas, o que vale é o sentimento que o filme traduz. “Nos preocupamos mais com a história que é contada do que o gênero musical ou sucesso do artista perfilado”, pontua Andrade.

Dick Fontaine

O homenageado da In Edit Brasil deste ano é o diretor inglês Dick Fontaine, reconhecido na área pelas inovações em suas obras e contar no extenso currículo passagens pela TV Granada e participações em episódios marcantes da contracultura britânica. Foi ele um dos primeiro diretores a dar espaço para uma novata banda chamada The Beatles. “A ideia é focar num artista e dissecar a obra dele ao máximo, mostrar quem é e o que faz”, comenta Andrade em relação às homenagens. O organizador também confirmou um bate-papo aberto com Fontaine.

O inglês aproveita a visita para estrear seu mais recente documentário, Sonny Rollins – Beyond The Notes, que trata sobre a vida da lenda viva do jazz Sonny Rollins, que aos seus 80 anos ainda influencia gerações mais jovens com o mesmo vigor de décadas atrás.

Vai Lá: veja a programação completa do In Edit Brasil 2013 em www.in-edit-brasil.com // www.facebook.com/in.edit.br

 

The purple pop music of Charli XCX

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Para muitos adolescentes de 15 anos de idade, ir a uma rave pode dar um trabalho e tanto. Primeiro você tem que inventar uma história plausível para convencer seus pais, que você não está indo para uma rave, depois de fazê-los engolir sua lamentável história, você tem de conceber uma estratégia para sair de casa no meio da noite. Descolar uma carona para ir, dar um jeito de entrar, tomar o que quer que seja e voltar, cada passo, novos obstáculos.

Charlotte Aitchison, mais conhecida como Charli XCX, não tem nenhum desses problemas. Em vez de de amarrar a filha no pé da cama, seus pais financiaram os singles "!Franchesckaar!" e "Art Bitch" quando Aitchison tinha apenas 14 anos (ela pagou-os de volta), e assim que as colou no MySpace começou a atrair a atenção de um promotor de raves em Londres. Quando questionada por um nome artístico, ela foi com seu MSN Messenger ID: Charli XCX (embora mais tarde ela confessou a sua gravadora, que não achou nada divertido, que XCX era na realidade a abreviação de "Xrated Cunt Xrated").

Apesar de ter sido fortemente influenciada por compositores contemporâneos como Lily Allen e Kate Nash, suas experiências na cena rave logo incluíram uma linha dançante à la Ed Banger em suas canções pop e uma obstinada atitude como Uffie.

Aitchison descreve sua música como "música pop roxa ... temperamental, emocional e vasta", colocando-se ao lado de artistas como Grimes e Sky Ferreira: "Eu realmente sinto que nós três estamos ampliando os limites de verdade e escrevendo canções que realmente significam algo", ela entusiasmada acrescenta, "estas não são canções bobas do tipo "Estou na pista”.

Ela admitiu que sua música é concebida tanto visualmente quanto sonoramente ("Eu sei que escrevi uma música boa quando consigo imaginar o vídeo") e seu vídeo, com a moça de arma em punho, para ‘You (Ha Ha Ha)’ ' se mostrou brevemente controverso na sequência do tiroteio em Sandy Hook nos EUA.

No entanto, mesmo em seus momentos mais pop, como em ‘Set Me Free (Feel My Pain)’, que poderia ter sido escrita por Rihanna ou Jessie J e com um refrão digno de suas adoradas Spice Girls, as letras são muito mais viscerais do que em uma faixa pop qualquer. Versos como "eu sinto a pele pingando de meus ossos" dão um toque sedutoramente lúgubre ao que seria só mais uma canção sobre dores de amor.

Outra coisa que a eleva acima da mesmice pop em geral é a sua capacidade de cantar rap. Em ‘What I Like’, parece uma espécie de Kitty britânica, mas sua performance mais ‘grudenta’ é em ‘So Far Away ', onde seu rap robótico é freqüentemente disparado em tempo triplo, contra um fundo de luzes piscando que faz você se sentir como se estivesse na estrada, acelerando, à meia-noite.

"Eu nunca quis ser cool, ou fazer um disco moderninho", ela afirma: "Eu queria escrever música pop bonita". 'True Romance' mostra que ela tem talento para fazer exatamente isso, mas caso sua gravadora decida reavaliar o potencial de 'Cunt Xrated Xrated', seguimos curiosos para ouvir os resultados...


RIP: Paulo Vanzolini

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Gabriel Rinaldi

Paulo Vanzolini em sua casa

Paulo Vanzolini em sua casa

O compositor e zoólogo Paulo Vanzolini morreu neste domingo, aos 89 anos, vítima de complicações decorrentes de uma pneumonia. Ele estava internado desde a noite da última quinta (25) na UTI do hospital Albert Einstein, em São Paulo. Autor de composições clássicas, como “Volta por cima” e “Ronda”, Vanzolini, ele nunca se considerou músico e sim zóologo, sua verdadeira vocação. Foi um dos idealizadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), onde trabalhou por mais de 40 anos. Sua importância, tanto pra ciência quanto pra arte, é inegável. Vanzolini deixará saudade.

A Trip entrevistou o compositor e zoólogo em agosto de 2011, na edição especial Bichos, assunto que ele dominava (leia aqui)

ENTRE COBRAS E LAGARTOS
Famoso pela música, Paulo Vanzolini fala sobre suas duas maiores paixões na vida e crava: “Sou zoólogo!"

Em 1934, o pequeno Paulo Vanzolini fez um acordo com seu pai. Em troca de boas notas no colégio, ganharia uma tão sonhada bicicleta para seu aniversário de 10 anos. Dito e feito. Saiu-se bem nas provas (hábito que cultivou por toda a vida) e, assim que recebeu sua parte do trato, atirou-se em uma ainda pacata São Paulo. Do Jardim Paulistano, onde nasceu e foi criado, o moleque atravessou o rio Pinheiros e deu no bairro do Butantã. Descansando da longa pedalada, entrou pela primeira vez no instituto biológico. Entre cobras e lagartos nos aquários, ainda impúbere decidiu o que seria pelos 78 anos seguintes: um herpetologista. Em português mais... vulgar: um zoólogo especializado em répteis e anfíbios.

Nunca pensou em ser outra coisa, Paulo? “Nunca”, postula. E por que o fascínio tão específico? O que répteis e anfíbios têm de tão especial? Após um breve suspiro, como que entediado pela pergunta, Vanzolini simplifica: “Eu gosto deles...”. Em vez de elaborar especulativos porquês, cientista que é, prefere se ater aos fatos como são. E por isso conduz a entrevista quase sozinho, contando o que ele considera as histórias, e feitos, mais importantes de sua longa trajetória. Seja nos laboratórios, na mata, em gabinetes – ou em uma longeva boemia. Foram manhãs e tardes de pesquisa que lhe deram o internacional nome de grande zoólogo. E noites e madrugadas que lhe deram a fama fora da academia, entre os milhões que preferem decorar sambas a nomes de espécies em latim.

Gabriel Rinaldi

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Paulo Vanzolini, o Zoólogo compositor

“Sou zoólogo!”, insiste há anos, se defendendo toda vez que alguém o acusa de ser sambista. “Um poeta de rua, na melhor das hipóteses...”. Assim, o autor de “Ronda”, “Volta por Cima” e “Samba Erudito”, dos mais consagrados sambas brasileiros, prefere gabar-se de sua assinatura em uma obra de título bem menos popular. Mas de implicações bem mais difundidas do que seus mais célebres versos. O estudo sobre a teoria dos refúgios, desenvolvido nos anos 50, tornou-se um paradigma científico que hoje é ensinado até em escolas secundárias.

Mas investir tempo e tutano em teorias como essa era um tanto herético para o status quo da biologia da primeira metade do século 20. “Eles diziam que era ‘fosfórico’ estudar especiação”, diz aos risos Vanzolini para um flutuante repórter. Fosfórico? “Era o jeito deles para chamar alguma coisa de bobagem”, explica, e emenda: “Naquela época o pessoal era tarado por descrever a espécie, dar nomes e só. Mas para mim isso era bobagem. O que eu queria saber era de evolução. De como as espécies apareciam.”

Um grande mistério em seu tempo, que desafiava o mais fundamentalista dos darwinistas, era a fabulosa biodiversidade amazônica. Tantas espécies, em inúmeras variações, convivendo em um espaço tão denso e próximo não correspondiam à lógica da seleção natural. Foi um estudo de Vanzolini, e insights do naturalista Ernest Williams, que determinou que antigas, e diversas, mudanças climáticas na região criaram espaços secos e isolaram certas áreas da floresta. Dessa forma os animais se diferenciavam e, quando a mata se adensava novamente, as novas variações passavam a conviver. Sem macular a mecânica evolutiva, Vanzolini ajudou a estreitar a relação entre geologia, clima e estudos estatísticos na compreensão do desenvolvimento e da distribuição da vida na Terra.

Espécie nômade, Vanzolini tornou-se doutor em Harvard, onde estudou e conviveu com lendas da biologia como o evolucionista Ernst Meyer. Embrenhou-se em todos os ecossistemas a que teve acesso. Tinha um barco laboratório na Amazônia, onde passou incontáveis dias coletando espécies, mapeando habitats. Circulou em todos os bares de São Paulo e do Rio, habitats de espécimes de raro talento como Adoniran Barbosa, Chico Buarque, Toquinho... Nessas explorações, urbanas e selvagens, que compunha.

Nada mau para um médico de formação. Por uma bem-aventurada dica de um amigo de seu pai, Paulo dispensou a faculdade de biologia dos anos 40 para ingressar em medicina. “O pessoal da biologia era muito boa gente. Mas quanta ideia errada...”, sentencia sem rodeios e segue contando as querelas internas, rivalidades pessoais e ideológicas da academia com a língua tão rápida quanto a dos répteis que estudou. 

(por Bruno Torturra - leia a íntegra aqui)

Coitadinha Bem Feito

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jorge Bispo

Angela Ro Ro

Ângela Ro Ro

Vozes masculinas de 17 artistas fazem Coitadinha Bem Feito, álbum virtual gratuito em homenagem à cantora, compositora e pianista carioca Angela Ro Ro. Com curadoria do jornalista Marcus Preto e direção geral do DJ Zé Pedro, os convidados para o projeto foram os cantores Lucas Santtana, Lirinha, Thiago Petit, Leo Cavalcanti, Tatá Aeroplano, Romulo Fróes, Kiko Dinucci, Gui Amabis, Adriano Cintra, Rodrigo Campos, Helio Flanders, Otto, Pélico, Juliano Gauche, Rael, Gustavo Galo e Daniel Black.

 

 Álbum "Coitadinha Bem Feito'

"Uma criança meio esquisita", é como Marcus Preto se define ao contar que ouvia Ângela Ro Ro desde a infância. Encontrou no dono do selo do Joia Moderna, Zé Pedro, outro fã da cantora, o parceiro ideal para essa empreitada. Mas tinha um porém, o DJ queria apenas cantoras mulheres em seus CDs como marca de sua gravadora e o jornalista decidiu quebrar o hábito convidando apenas cantores. Para ele, os músicos inventaram um jeito de se comunicar que significa mais do que só cantar bem.

Todos foram responsáveis pelos arranjos, sem interferência de Marcus ou Zé Pedro. "Os caras mandaram muito bem, cada faixa que chegava para escutar era um 'Ufa!'. Eles são muito diferentes, fizeram coisas muito pessoais e pouco a ver com a Ângela, mas que conseguem traduzir muito bem o nosso tempo. Existe aquela história de que se todo mundo cantar junto em uma sala soa afinado. E o conjunto do Coitadinha Bem Feito é isto, cada música se aproximou do cantor escolhido e todas formaram um CD que soa muito afinado também", diz Marcus.

Dois shows estão marcados no Sesc da Vila Mariana para o lançamento do álbum nos dias 7 e 8 de maio, com parte dos musicos que participam do disco.

Tatá Aeroplano e Thiago Pethit falam sobre como foi participar da homenagem:

"Receber a música Balada da Arrasada pra fazer foi um presente. Me lembro do dia em que escutei essa canção com o Helio Flanders no vinil que ele tem da Ro Ro e de como essa música me emocionou. A letra é muito forte. A música é intensa e me emociona demais. Grava-la foi uma honra, Ro Ro é clássica! Convidei o Junior Boca pra gravar as guitarras e produzir a faixa, e também o Pedro Gongom da Trupe Chá de Boldo, que tocou bateria, o Meno Del Picchia que tocou baixo e o João Leão que fez piano e teclados. Gravamos no estúdio Submarino Fantástico em duas sessões com o Otávio Carvalho e vamos colocar a música nos próximos shows do meu disco." Tatá Aeroplano

"Fazer uma versão de qualquer música é sempre muito desafiador, pois não se trata de um desejo de fazer melhor do que a original ou mais dramático. Mas sim de explorar um tema particular e descobrir as nuances, semelhanças e diferenças entre o universo do compositor e o seu próprio universo enquanto artista e acabar transformando isso em uma linguagem própria. Por isso é tentador demais. Porque é audacioso querer brincar com as palavras de pessoas tão maravilhosas e geniais como a Ângela Ro Ro. Agradeço imensamente o convite da Joia Moderna, pois, sem eles, talvez eu não tivesse coragem de regravar isso. Sempre fui fã da Ângela e especialmente da canção Mares da Espanha. Além de ser linda, é uma música com uma dramaticidade muito peculiar e muito forte na voz e interpretação. Para achar o tom da versão, tentei privilegiar o lado mais felino, arisco e mais libidinoso das palavras da Ângela. A voz de quem acorda em uma manhã de ressaca implorando pelo calor de alguém. Assim como a ressaca dos mares, tentando engolir com ondas tudo que vê pela frente." Thiago Pethit

E aqui, as faixas:

Amor, meu Grande Amor - Lucas Santtana
Renúncia - Lira
Came e Case - Leo Cavalcanti
Só nos Resta Viver - Romulo Fróes
Mares da Espanha - Thiago Pethit
Balada da Arrasada - Tatá Aeroplano
Coitadinha Bem Feito - Otto
Abre o Coração - Gui Amabis
Gota de Sangue - Adriano Cintra
Não Há Cabeça - Pélico
Fogueira - Rodrigo Campos
Tango da Bronquite - Kiko Dinucci
Perdoar-os, Pai - Rael
Fraca e Abusada - Gustavo Galo
Tola Foi Você - Dani Black
A Mim e a Mais Ninguém - Juliano Gauche
Me Acalmo Danando - Helio Flanders

Vai lá: Para baixar o álbum gratuitamente acesse www.coitadinhabemfeito.com.br

Show de lançamento do álbum Coitadinha, Bem Feito
Quando: 7 (terça) e 8 (quarta) de maio, às 21h
Onde: Sesc Vila Mariana - Rua Pelotas, 141 - Vila Mariana - São Paulo/SP - Tel (11) 5080-3000
Quanto: de R$8 a R$32 (ingressos limitados)

Thiago Pethit fez um vídeo autoral para divulgar a canção que gravou:

Coitadinha Bem Feito

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jorge Bispo

Angela Ro Ro

Angela Ro Ro

Vozes masculinas de 17 artistas fazem Coitadinha Bem Feito, álbum virtual gratuito em homenagem à cantora, compositora e pianista carioca Angela Ro Ro. Com curadoria do jornalista Marcus Preto e direção geral do DJ Zé Pedro, os convidados para o projeto foram os cantores Lucas Santtana, Lirinha, Thiago Petit, Leo Cavalcanti, Tatá Aeroplano, Romulo Fróes, Kiko Dinucci, Gui Amabis, Adriano Cintra, Rodrigo Campos, Helio Flanders, Otto, Pélico, Juliano Gauche, Rael, Gustavo Galo e Daniel Black.

 

 Álbum "Coitadinha Bem Feito'

"Uma criança meio esquisita", é como Marcus Preto se define ao contar que ouvia Angela Ro Ro desde a infância. Encontrou no dono do selo do Joia Moderna, Zé Pedro, outro fã da cantora, o parceiro ideal para essa empreitada. Mas tinha um porém, o DJ queria apenas cantoras mulheres em seus CDs como marca de sua gravadora e o jornalista decidiu quebrar o hábito convidando apenas cantores. Para ele, os músicos inventaram um jeito de se comunicar que significa mais do que só cantar bem.

Todos foram responsáveis pelos arranjos, sem interferência de Marcus ou Zé Pedro. "Os caras mandaram muito bem, cada faixa que chegava para escutar era um 'Ufa!'. Eles são muito diferentes, fizeram coisas muito pessoais e pouco a ver com a Angela, mas que conseguem traduzir muito bem o nosso tempo. Existe aquela história de que se todo mundo cantar junto em uma sala soa afinado. E o conjunto do Coitadinha Bem Feito é isto, cada música se aproximou do cantor escolhido e todas formaram um CD que soa muito afinado também", diz Marcus.

Dois shows estão marcados no Sesc da Vila Mariana para o lançamento do álbum nos dias 7 e 8 de maio, com parte dos musicos que participam do disco.

Tatá Aeroplano, Thiago Pethit e Leo Cavalcanti falam sobre como foi participar da homenagem:

"Receber a música Balada da Arrasada pra fazer foi um presente. Me lembro do dia em que escutei essa canção com o Helio Flanders no vinil que ele tem da Ro Ro e de como essa música me emocionou. A letra é muito forte. A música é intensa e me emociona demais. Grava-la foi uma honra, Ro Ro é clássica! Convidei o Junior Boca pra gravar as guitarras e produzir a faixa, e também o Pedro Gongom da Trupe Chá de Boldo, que tocou bateria, o Meno Del Picchia que tocou baixo e o João Leão que fez piano e teclados. Gravamos no estúdio Submarino Fantástico em duas sessões com o Otávio Carvalho e vamos colocar a música nos próximos shows do meu disco." Tatá Aeroplano

"Fazer uma versão de qualquer música é sempre muito desafiador, pois não se trata de um desejo de fazer melhor do que a original ou mais dramático. Mas sim de explorar um tema particular e descobrir as nuances, semelhanças e diferenças entre o universo do compositor e o seu próprio universo enquanto artista e acabar transformando isso em uma linguagem própria. Por isso é tentador demais. Porque é audacioso querer brincar com as palavras de pessoas tão maravilhosas e geniais como a Angela Ro Ro. Agradeço imensamente o convite da Joia Moderna, pois, sem eles, talvez eu não tivesse coragem de regravar isso. Sempre fui fã da Angela e especialmente da canção Mares da Espanha. Além de ser linda, é uma música com uma dramaticidade muito peculiar e muito forte na voz e interpretação. Para achar o tom da versão, tentei privilegiar o lado mais felino, arisco e mais libidinoso das palavras da Angela. A voz de quem acorda em uma manhã de ressaca implorando pelo calor de alguém. Assim como a ressaca dos mares, tentando engolir com ondas tudo que vê pela frente." Thiago Pethit

"Foi com grande alegria que recebi o convite de Marcus Preto para fazer parte do disco, pois, além de ser uma adorável homenagem à esta grande artista que é Ro Ro, por quem sempre tive admiração, acho delicioso o desafio de criar uma nova interpretação e roupagem para uma canção que já foi gravada. Aproveitei a oportunidade para ir mais fundo na obra de Angela: comecei a pesquisar sua discografia, e um tesouro se revelou para mim, fazendo minha admiração aumentar. Angela é uma poeta brilhante. Sua poesia sangra e faz transparecer a brasa de seu coração. Suas canções revelam uma compositora que entende o significado profundo do que é 'canção'. É uma grande letrista, melodista - e cantora e pianista ímpar. Uma cantautora completa.Senti a necessidade de fazer uma interpretação delicada e doce para Came e Case, que é uma música simples sobre amor, paixão e libido - todos juntos, sem separação. Sobre a sacralidade de um encontro amoroso onde existe entrega total. Na interpretação de Angela, ela canta para uma mulher. Na minha intepretação, achei interessante inverter, e cantar para um homem: 'Esse tempo pouco/louco de amor/que você me dá/que você me dá/cheio de prazer'. Concebi o arranjo e imediatamente pensei em chamar o músico Bruno Serroni para tocar Cello e assinar a produção comigo. Fizemos a faixa juntos, e ele também fez a mixagem. Fiquei muito contente com o resultado - e ainda mais por integrar um projeto ao lado de amigos e artistas que tanto gosto e admiro." Leo Cavalcanti

E aqui, as faixas:

Amor, meu Grande Amor - Lucas Santtana
Renúncia - Lira
Came e Case - Leo Cavalcanti
Só nos Resta Viver - Romulo Fróes
Mares da Espanha - Thiago Pethit
Balada da Arrasada - Tatá Aeroplano
Coitadinha Bem Feito - Otto
Abre o Coração - Gui Amabis
Gota de Sangue - Adriano Cintra
Não Há Cabeça - Pélico
Fogueira - Rodrigo Campos
Tango da Bronquite - Kiko Dinucci
Perdoar-os, Pai - Rael
Fraca e Abusada - Gustavo Galo
Tola Foi Você - Dani Black
A Mim e a Mais Ninguém - Juliano Gauche
Me Acalmo Danando - Helio Flanders

Vai lá: Para baixar o álbum gratuitamente acesse www.coitadinhabemfeito.com.br

Show de lançamento do álbum Coitadinha, Bem Feito
Quando: 7 (terça) e 8 (quarta) de maio, às 21h
Onde: Sesc Vila Mariana - Rua Pelotas, 141 - Vila Mariana - São Paulo/SP - Tel (11) 5080-3000
Quanto: de R$8 a R$32 (ingressos limitados)

Thiago Pethit fez um vídeo autoral para divulgar a canção que gravou:

AnhangaBaú da FelizCidade

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Festival AnhangaBaú da FelizCidade

Festival AnhangaBaú da FelizCidade

Rola nesta sábado (4) a primeira edição do festival AnhangaBaú da FelizCidade, que ocupa o centro de São Paulo à partir do meio dia. Serão sete palcos e cinco soundsystems em um total de mais de 60 atrações que incluem shows de Elza Soares, Bicicletas de Atalaia, Junio Barreto, Sandrão RZO, Sombra, Chimpanzé e Clube Trio, Ethiopian Highlandahs, La Carne e mais uma imensa programação de discotecagem e intervenções artísticas durante todo o dia.

O evento é realizado pelo movimento Existe Amor em SP, que reúne coletivos culturais e sócio-ambientais da cidade, desta vez ocupando o Vale do Anhangabaú, um dos maiores cartões postais da capital paulista. Oficinas de artes visuais, artistas circenses, teatro, dança e workshops complementam a programação organizada pelo mesmo grupo por trás de outros eventos do tipo em SP como "Amor Sim, Russomanno Não", "Existe Amor em SP" e o festival "Preliminares".

"O evento deste sábado defende a retomada do Vale pela sociedade organizada e sua transformação em um espaço livre para a expressão cultural da cidade", declarou a organização em uma nota oficial de divulgação. "A escolha do local é simbólica: marcado por manifestações históricas e maior passarela da diversidade socio-cultural paulistana, o Vale encarna as contradições e o potencial adormecido de uma São Paulo realmente pública, que o movimento acredita estar pronta para assumir na cultura, mais além da força de trabalho, sua verdadeira vocação."

Veja abaixo a programação completa:

Palco Pedra Rosa “Existe Diversidade em SP”
13h X So Pretty
14h Bicicletas de Atalaia
15h Teatro Oficina
16h riverão
17h Coletivo Yopará
18h Aricia Mess
19h Maguerbes
20h Druques
21h Delvin Delux
22h Elza Soares
23h Junio Barreto

Palco Rap - “Direitos dos Manos”
14h Fino du Rap
14h30 Foco
15h Gustavo Pontual
15h30 Projeto Preto Veio
16h Geleia
16h30 Zamba Rap Clube
17h Sistema 157
17h30 Caos do Suburbio
18h DG Especialista
18h30 Projeto Rookie
19h Marreta Records (Jota Ghetto, Jamés Ventura, Henrick Fuentes)
19h30 Batalha Sta Cruz VS Batalha Racional
20h30 Flow Mc
21h Coruja BC1
21h30 Família Brooklyn Sul
22h Bad
22h30 Potencial 3
23h Carol Souza e Livia Cruz
23h30 Sombra
00h Sandrão RZO
00h30 Jimmy Luv

Apresentação - Palco Rap: Linha Dura e Lele Di Função
DJs - Palco Rap: DJ Jhonny, Chocolatee e DJ Pulga

Palco Estúdio Lâmina - “Às margens do Centro”
12h Daniel Grajew Trio
13h Mescalines Duo
14h Head Phones
15h Lara e os Ultraleves
15h50 arte circense Cia Lar doce lar e os irmãos cara de Pau
16h Marco Nalesso e a Fundação
16h50 Cover Flor (dança)
17h30 Canções velhas para embrulhar peixes
18h30 Picanha de Chernobil
19h30 Luiza Lim
20h30 Charlie e os Marretas
21h30 Dharma Samu
22h30 Chimpanzé e Clube Trio (confirmar horário)
23h30 3 Cruzeiros (confirmar horário)
00h30 Twin Pines (confirmar horário)
01h30 Denis Diosanto (discotecagem)
Super Micro Circo com Capitão Alalu
Mustaches e os Apaches
Seu Bené
DJ Diego Godoy

Palco Existe Fogo em SP – “Direito para Um e para Todos”
14h Discotacagem Reggae
15h Tribo do Sol
16h10 QG Imperial
17h20 Força da Paz
18h30 Guerreiros de Sião
19h40 Ambulantes
20h50 Ethiopian Highlandahs
22h Zabah Bush
23h às 04h High Public Sound + Mozziyah Hi Fi

Palco Baratos Afins
14h La Carne
15h Necronomicom
16h Cosmo Shock
17h Churrasco Elétrico
18h Rodigo Haddad
19h Fabrica de Animais
20h Doutor Jupter
21h As Radioativas
22h Stars 61

Palco Rock e Meio “Livres e Iguais para Pensar e Expressar” (horários ainda não confirmados)
Stone R
All Sapão
Mil Barreiras
Cabeca Ativa
Drugstore
Cokeluche
Thelio
Duck Bill
Radio Ataque
Watermelon Superstition
Mandachuva
Midnight Guitar Jam

Sound System / Festas (Durante todo o dia espalhados pelo vale) (horários ainda não confirmados)
Oba Festa
Talco Bells
Love
Santo de Rua
Mondo Cane
Akin
Carlos Capslock
Marcio Vermelho
Ana Flavia
Hubert
Luiz Pareto
Boite Magique

Vai lá: Festival AnhangaBaú da FelizCidade
Quando: sábado, 04/05, às 12h
Onde: Vale do Anhangabaú - São Paulo, SP
Quanto: Grátis
Informaçõeswww.facebook.com/events/101723143363084

Risadas por minuto

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Muitos comediantes fizeram música também. E, em vez de virarem piada, levaram a brincadeira a sério

Explosões no Brasil

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Divulgação

Explosions In The Sky

Explosions In The Sky

Nos dias 22, 23 e 26 de maio, os texanos do Explosions in The Sky (EITS) aportam no Brasil pela primeira vez para três shows em duas capitais do país. Os dois primeiros rolam em São Paulo, no SESC Belenzinho, e já contam com ingressos esgotados. O terceiro acontece no tradicionalíssimo palco do Circo Voador, no Rio de Janeiro, com ingressos custando entre R$80 e R$160.

A banda estava se programando para estrear em solo brasileiro durante a edição paulista deste ano do festival de música eletrônica Sónar, que foi cancelado. Uma das mais comentadas atrações que viriam ao festival, os americanos fizeram tanto barulho na mídia especializada por aqui que conseguiram contornar as burocracias e foram capazes de agendar a mini-turnê que fecha as atividades da banda no mês de maio.

Se você ainda não conhece o trabalho do quarteto formado por Mark Smith, Chris Hrasky, Munaf Rayani e Michael James, a Trip traz cinco bons motivos para explicar por que o Explosions in the Sky é tão legal.

1 - Discografia estabelecida
Fundada em 1999, a banda já tem seis álbuns de estúdio no catálogo. O primeiro (How Strange, Innocence) saiu em 2000 e é considerado um dos melhores álbuns de estreia de qualquer banda de post-rock em todo o planeta, um clássico instantâneo. Como se não bastasse, o grupo ainda tem os bons Those Who Tell the Truth Shall Die, Those Who Tell the Truth Shall Live Forever (2001), All of a Sudden I Miss Everyone (2007), The Rescue (2005), Take Care, Take Care, Take Care (2011) e o impressionante The Earth Is Not a Cold Dead Place (2003), disco que colocou os caras no mapa internacional do rock instrumental

2 - Ascensão do pós-rock
Nos EUA, o EITS tornou-se o maior expoente em seu estilo na geração 2000-2010. Crescendo em popularidade no país ao lado do gênero que consagrou Sigur Rós e outros gigantes, a banda de Austin é hoje o maior expoente americano do chamado pós-rock ao lado de Beware of Safety, Joy Wants Eternity e dos seus conterrâneos do This Will Destroy You. Fora dos EUA, a bandeira do estilo é carregada por nomes como Mogwai (Escócia), Godspeed You! Black Emperor (Canadá), And So I Watch You From Afar (Irlanda do Norte), 65daysofstatic (Inglaterra), Up There, The Clouds (Itália), entre muitos outros.

3 - Trilhas sonoras
Diretores de cinema e TV amam as minisinfonias instrumentais do EITS. A banda fez a trilha praticamente completa do filme Tudo pela Vitória (Friday Night Lights), de 2004, estrelado por Billy Bob Thornton e dirigido por Peter Berg. Na subsequente série de TV (2006-2011), a música da banda apareceu em diversos episódios, apesar do grupo não ter participado da produção de músicas exclusivas para a série. Em 2013, a banda fez a trilha do filme Prince Avalanche (com Paul Rudd e Emile Hirsch), que na verdade é uma refilmagem do filme islandês Either Way. O longa já foi exibido em Sundance mas só estreia em circuito nos EUA no próximo dia 9 de agosto.

4 - Selo Fugazi de aprovação
Em 2002, com apenas três anos de carreira, a banda do Texas foi convocada para abrir o que seria a última turnê da entidade DIY americana chamada Fugazi. Com o selo de aprovação de Ian McKaye (ex-Minor Threat, Embrace) e de Guy Piccoto (ex-Rites of Spring), a banda teve uma rápida consagração no underground americano agradando não só os fãs do pós-rock europeu como também a comunidado do rock alternativo norteamericano que sempre idolatrou o Fugazi.

5 - Remixes
Em seu álbum All of a Sudden I Miss Everyone (2007), a banda preparou um disco de remixes especial para ser vendido nos shows do grupo em sua turnê americana. O CD bônus foi um sucesso e trazia versões para as músicas do álbum reimaginadas por Jesu (de Justin Broadrick, ex-Godflesh), Adem Ilhan (do Fridge), The Paper Chase, Mountains, Matthew Cooper (Eluvium) e pelo produtor Four Tet.

Veja abaixo a banda em ação e impressione-se.

"Postcards From 1942" ao vivo no programa de David Letterman em 2011

 

90 minutos da banda ao vivo em Barcelona

 

Ao vivo em Austin em 2003 (Show completo)

Vai lá: Explosions in the Sky em São Paulo
Quando: 22 e 23 de maio, quarta e quinta, às 21h30
Onde: Sesc Belenzinho - Rua Padre Adelino, 1000 - Belenzinho, São Paulo
Quanto: de R$8 a R$32
Ingressos: ESGOTADOS
Informações: (11) 2076-9700 

Vai lá: Explosions in the Sky no Rio de Janeiro
Quando: 26 de maio, domingo, às 21h30
Onde: Circo Voador - Rua dos Arcos, s/nº - Lapa, Rio de Janeiro
Quanto: de R$80 a R$160
Ingressos: www.ingresso.com.br
Informações: (11) 2076-9700

A volta do Velho Maza

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Reprodução/Facebook

Mazinho Lima, o Velho Maza

Mazinho Lima, o Velho Maza

Aos 50 anos de idade, um ícone dos primeiros acordes do mangue beat volta a trazer seu caldeirão musical para São Paulo. Mazinho Lima, o Velho Maza, que integrava a formação do pioneiríssimo Mestre Ambrósio, se apresenta na terça (14) na Choperia do SESC Pompeia, apresentando o repertório de seu primeiro álbum solo, o excelente Músicas para dançar, cantar, ouvir, lançado ainda em janeiro deste ano e disponível na integra no perfil de Maza no Soundcloud.

Gravando quase todos os instrumentos (exceto pela bateria, gravada por outro ex-Mestre Ambrosio, Éder Rocha), Mazinho compilou carinhosamente composições antigas e novas criações em um disco irretocável que traz influências tão diferentes como Fagner, Alceu Valença, Led Zeppelin e de tantas guitar bands. Mas não espere um show intimista durante a apresentação de sua banda no festival Prata da Casa, porque o violonista chega bem acompanhado para fazer barulho no palco do SESC.

"A banda está montada e de sozinho eu não vou ter nada", ri o compositor pernambucano em entrevista à Trip. "Vamos tocar como um quarteto com o Arruda no baixo, Éder 'O Rocha' (ex-Mestre Ambrósio) na bateria e o Ricardo Carneiro na guitarra. Esse show ainda vai ter a participação especial de Mestre Nico e mais algumas surpresinhas. Quem for ao show, verá."

"Sempre fui muito eclético e gosto de muita coisa diferente. Eu gosto de rock, de samba, enfim. O próprio Mestre Ambrósio já era assim. Apesar de nós, na época, trabalharmos com uma linguagem musical bem nordestina, nossa bagagem musical era totalmente diferente", continuou Maza, comentando as diferentes influências presentes em seu primeiro trabalho solo. "Os seis integrantes tinham suas próprias influências, mesmo com o foco do grupo ficando na música regional."

O tempo passa

Em 1992, quando o Mestre Ambrosio foi fundado por Siba e companhia, a visão de mundo percebida por Mazinho era quase que diametralmente oposta à que tem hoje. O próprio Maza comentou as mudanças pelas quais ele e o país passaram nesses últimos 30 anos, usando como exemplo o que aconteceu com a economia brasileira após o plano real.

"Vão se passando os anos e você vai vendo coisas e coisas. Eu não imaginava nunca que o Brasil chegaria nessa situação econômica em que nos encontramos hoje, por exemplo. Não dava pra imaginar um Brasil sem inflação há 30 anos", reflete o compositor, que passou recentemente da faixa dos cinco-ponto-zero. "Meio século faz com que a gente perceba e constate cada vez mais mudanças. E isso é mostrado diretamente na minha música. Escrever agora é muito mais fácil do que antes. Com cinquenta anos você consegue perceber muito melhor e mais exatamente o que você quer dizer. Antigamente eu tinha mais gás, mas hoje é bem mais fácil fazer música mais objetivamente."

Mesmo com o implacável avanço do relógio, os fãs do som do Mestre Ambrósio tem muito o que se identificar com a sonoridade da carreira solo de Mazinho Lima. "Nos shows não haverá nada de Mestre Ambrósio. Musicalmente, claro, há referências que vão tocar os fãs da banda. Mas não diretamente. A maior parte delas são referências para Ambrosio também. Mas aquela pegada forte do maracatu, não. Prefiro guardá-las para quando os outros cinco estiverem comigo [gargalhadas]."

Ouça o disco de estreia da carreira solo de Velho Maza na íntegra abaixo.

Vai lá: Velho Maza no Prata da Casa
Quando: 14/05, terça, Às 21h
Onde: SESC Pompeia - Rua Clélia, 93 - Pompeia, São Paulo
Quanto: Grátis
Ingressos: Pela rede IngressoSESC
Informações: (11) 3871-7700


The Vaccines volta ao Brasil

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Divulgação

The Vaccines

The Vaccines

Uma das mais comentadas bandas indie dos últimos anos, o Vaccines ainda nem completou seu terceiro aniversário. Ainda assim, a banda vem ao Brasil pela segunda vez na carreira neste mês de maio, mais especificamente no dia 18, quando se apresenta no palco do Grand Metropole, em São Paulo. O show tem ingressos disponíveis à R$180 (R$90 a meia), mas você pode ver os caras de graça na conta da Trip.

O album What Did You Expect From the Vaccines? marcou em 2011 a estréia da banda formada por Justin Young (vocal), Freddie Cowan (guitarra), Arni Arnason (baixo) e Pete Robertson (bateria). A ótima repercussão do disco, puxado pelo hit das pistas indies "If You Wanna", levou o grupo londrino a abrir shows de bandas como Arcade Fire, The Walkmen e Arctic Monkeys.

Em setembro de 2012, o quarteto lançou seu segundo disco, Come of Age, que levou a banda ao posto de queridinha da crítica britânica graças aos singles "No Hope", "Teenage Idols" e "Bad Mood". O álbum chegou ao topo das listas de mais vendidos na Grã-Bretanha e foi muito bem recebido pela imprensa e pelos fãs de rock dançante dos dois lados do Atlântico.

Recentemente, fãs da banda foram impedidos de entrar num show no País de Gales, por não saberem o nome do vocalista do Vaccines e nem dos dois discos do grupo. A medida drástica foi porque a equipe de segurança da casa noturna recebeu a informação de que o show seria alvo de um arrastão de batedores de carteiras. Exagerada ou não, a atitude funcionou pois polícia não registrou furtos no show.

Pra concorrer a um dos 2 (dois) pares de ingressos que a Trip vai sortear, os leitores cadastrados no site devem responder com criatividade à pergunta:

"O que você faria pra provar que é realmente fã do Vaccines?"

* Válidas as respostas postadas até quarta-feira, dia 15, ao meio-dia aqui neste post. A resposta dos vencedores sai na própria quarta-feira. Cada leitor ganhará 1 par de ingressos, que deverão ser retirados até sexta-feira às 18h na editora Trip, em Pinheiros. A promoção não inclui transporte até o show. *

Vai lá: Club NME apresenta: The Vaccines
Quando: 18 de maio, sábado, às 21h
Onde: Grand Metropole - Avenida São Luis, 187 - Centro, São Paulo/SP
Quanto: de R$90 a R$180
Ingressos: www.ingressorapido.com.br
Informações: (11) 3868-9944

Veja abaixo o Vaccines em três momentos.

"Wetsuit" ao vivo no Rio de Janeiro (2012)

 

"Noorgard"

 

"Teenage Icon"

Virada Cultural 2013

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Maio em São Paulo é o mês de Virada Cultural. Durante um fim de semana, a cidade é ocupada por shows, peças de teatro, sessões de cinema, intervenções urbanas e exposições, tudo de graça em quase 50 pontos diferentes da cidade, com transporte urbano funcionando durante 24 horas para que você não perca nenhuma das grandes atrações da festa.

Em 2013, a Virada rola nos dias 18 e 19, sábado e domingo, com um sem fim de opções para fãs de todos os estilos de música. Para te ajudar a selecionar o que não deixar de ver, preparamos uma lista com as atrações mais indispensáveis do fim de semana. A lista é longa e inclui shows de 13 palcos diferentes, então o que não falta são boas opções de apresentações nas 24 horas de festa.

1 - Teatro Municipal: Sempre disputados na Virada, os shows do teatro são um capítulo especial do evento. Neste ano tem o cantor Fagner apresentando o repertório de seu primeiro disco, Walter Franco tocando seu Revolver e Jorge Mautner tocando seu disco homônimo de 1974. Os ingressos são limitados, então chegue pelo menos duas horas antes de cada apresentação.

Destaques:
21h: Fagner: toca Manera Fru-Fru Manera (1973)
00h: Odair José toca O Filho de José e Maria (1977)
3h: Ângela Rô Rô toca Ângela Rô Rô (1979)
6h: Walter Franco toca Revolver (1975)
12h: Jorge Mautner toca Jorge Mautner (1974)

2 - Palco Rio Branco: Quem gosta dos estilos mais tradicionais da black music nacional vai ter um prato cheio neste palco, onde três gerações de artistas se encontram durante a virada. De Nelson Triunfo ao rapper Emicida, passando pelos mestres das pick-ups KL Jay e DJ Hum, o palco recebe uma sequência fortíssima de figuras carimbadas da nossa música entre as 21h e as 2h30 da madrugada.

Destaques:
21h20 Nelson Triunfo e o Grupo Funk & Cia
22h30 Emicida
23h50 KL. Jay
01h00 Dj. Hum e Convidados
02h30 Edy Rock

Nitin Vadukul

George Clinton

George Clinton

3 - Palco Júlio Prestes: A velha estação de trem volta a receber o "palco principal" da Virada, com atrações para todos os gostos e idades. Tem Gal Costa, Elza Soares, Gabi Amarantos, Criolo, Racionais MCs e muitos outros, incluindo uma apresentação histórica de George Clinton e seu imortal P-Funk All Stars, que sobe ao palco às 3h da matina.

Destaques:
21h- Gal Costa
00h- Black Star (EUA)
03h- George Clinton & P-Funk All Stars
06- Elza Soares + Gabi Amarantos
12h- Criolo
15h- Racionais MCs

4 - Palco São João - Mais uma vez a segunda mais famosa avenida de São Paulo será a casa do rock pra todos os gostos (e de tudo quanto é país). Lobão abre os trabalhos às 18h do sábado e abre caminho para um desfile de estrelas de ontem e hoje. Meia noite tem os americanos do Mondo Generator (comandado por Nick Olivieri, ex-Queens of The Stone Age), um dos shows internacionais mais esperados da Virada. Mas o destaque maior do palco fica por conta dos italianos da Alex Carpani Band, que acompanham o saxofonista David Jackson em seu projeto que relembra o mais do que clássico grupo de rock psicodélico Van der Graaf Generator.

Destaques:
18h Lobão
00h Mondo Generator (EUA)
04h Mão Morta (Portugal)
18h David Jackson (UK) + ACB (Itália) - Van der Graaf Generator

5 - Palco Praça da República - Samba, soul e MPB serão às bolas da vez no palco da praça em 2013. Tem Sombrinha, Almir Guineto, Leandro Lehart, Raça Negra (agora tembém novo queridinho dos alternativos) e Rappin Hood, mas a faixa de programação campeã do palco vai das 2h às 5h30. Primeiro com o Marcos Valle Trio, depois com o multi-homem do soul tupiniquim, Hyldon, que canta acompanhado do veteraníssimo trio Azymuth.

Destaques:
2h Marcos Valle Trio
4h Hyldon e Azymuth

6 - Palco 25 de Março - A música alternativa do Brasil é a estrela do palco que recebe uma sequência imperdível começando às 18h do domingo, com Céu e Otto fechando a programação da Virada. Ainda tem Hurtmold, Mombojó, Passo Torto e Jorge Mautner + Kassin.

Destaques:
18h - Ritmistas, Jorge Mautner e Kassin
20h - Lucas Santtana
22h - Metá Metá
00h - Hurtmold
06h - Vanguart
08h - Mombojó
16h - Céu
18h - Otto

7 - Palco Cásper Líbero - Música - Brasil: na rua Casper Líbero, dois palcos dividem as bandas independentes entre paulistas e brasileiras de outros estados. No palco Brasil, os destaques ficam para o som experimental do Ruído/mm (PR), o pernambucaníssimo Ex Exus (PE), o pós-rock do Burro Morto (PB) e a energia sem fim do Porcas Borboletas (MG)

Destaques:
20h40 – Ruído/mm
4h40 – Ex Exus
11h20 – Burro Morto
15h20 – Porcas Borboletas

8 - Palco Cásper Líbero - Música - São Paulo: Entre as bandas paulistas do palco indie, os maiores destaques estão divididos em dois blocos. Entre as 18h40 e as 22h tem três bandas com um som inventivo e inovador: o Elma, a Tigre Dente de Sabre e o Aeromoças e Tenistas Russas. No domingo são as meninas que comandam a tarde, com Bárbara Eugênia, Andreia Dias e Juliana R.

Destaques:
18h40 – Elma
20h - Tigre Dente de Sabre
21h20 – Aeromoças e Tenistas Russas
14h40 – Bárbara Eugênia
16h – Andreia Dias
17h20 – Juliana R 

9 - Palco Estação da Luz: o palco da Luz tem uma ótima programação para crianças na tarde de domingo, mas é na madrugada que ele vai pegar fogo com uma invasão latina na Virada Cultural 2013. Entre as 23h e as 7h sobem ao palco os argentinos da Orquestra Fernandez Fierro (tango), Rascacielos (pós-rock), El Arranque (tango) e 34 Puñaladas (milonga), além dos chilenos do Juana Fé e de sua contagiante mistura de salsa com ska.

Destaques:
23h – Fernandez Fierro (Argentina)
1h – Rascacielos (Argentina)
3h – El Arranque (Argentina)
5h – Juana Fé (Chile)
7h – 34 Puñaladas (Argentina)

Divulgação

Marisa Orth

Marisa Orth

10 - Palco Barão de Limeira - a programação mais variada de todos os palcos da virada deixou um pouco a desejar neste ano. Mesmo assim, ali haverá um dos shows mais legais de toda a programação de 2013. Trata-se do Satelite Kingston, cultuadíssima banda argentina de ska, que toca às 7h da manhã do domingo.

Destaque:
7h: Satelite Kingston (Argentina)

11 - Palco Edifício Copan: o palco das divas será montado no início da Avenida Ipiranga, diante do prédio projetado por Oscar Niemeyer. O destaque da programação fica por conta da última faixa de horário da Virada, trazendo shows de quatro musas de quatro gerações diferentes: Marisa Orth, Cida Moreira, Elke Maravilha e Rita Cadillac.

15h – Marisa Orth
16h – Cida Moreira
17h – Elke Maravilha
18h – Rita Cadilac


12 - Palco Largo do Arouche - Brega é a mãe! Mais uma vez, o palco do Arouche recebe os nomes mais românticos e sem-vergonha da programação da Virada Cultural. Para destacar alguns, ali se apresentam o eterno Luiz Caldas, o cigano Sidney Magal, os queridinhos paraenses da Banda Uó e um fechamento que promete ser inesquecível com a cantora Fafá de Belém.

Destaques:
21h - Luiz Caldas
23h - Sidney Magal
5h - Banda Uó
17h - Fafá de Belém

13 - Palco Largo São Bento - Na terra prometida dos b-boys paulistanos estará construído o palco da poesia, que reunirá diversos grupos de poetas em uma série de saraus, todos pontuados por grandes shows de rap. Destaques para o Sarau da Cooperifa e para as apresentações de um nome gigante do rap brasileiro old school e por um dos mais admirados MCs da nova escola tupiniquim.

Destaques:
22h – Sarau da Cooperifa
0h20 – Kamau
5h40 – Z’África Brasil


Primeira vez na Virada? Se liga nesse "Guia de Sobreviência" de uma veterana de Virada Cultural, a editora do site da Trip e da Tpm, Flávia Durante, que foi em todas as edições até hoje.

1) Virada Cultural é sinônimo de andar, andar e andar. Então calce o tênis e a roupa mais confortáveis e bora! A previsão de tempo pro final de semana em São Paulo é de friaca e chuviscos, então lembre dos conselhos maternos e "leve um agasalho" ou uma capa de chuva.
2) Como em qualquer evento com grandes aglomerações de público, acontecem vários furtos de celular. Então evite levar seu aparelho mais novo, aquele que você suou pra acabar de pagar. Use um estepe mais velhinho e deixe-o entocado no bolso de dentro de uma jaqueta ou na frente da calça, jamais no bolso de trás ou em mochilas. Pra mulheres, vale uma bolsa a tiracolo pequena rente ao corpo ou em pochetes de viagem, as chamadas "doleiras". Ou ainda, comprar uma cordinha de celular e andar com ele pendurado no pescoço, por dentro da roupa. 
3) Dinheiro leve sempre trocado. Se precisar levar uma grana maior para o táxi, entoque na palmilha do tênis.
4) No "kit sobrevivência", além do celular velhinho, dinheiro trocado, do Bilhete Único, do casaco e da cópia do RG, inclua uma canga de praia para poder estender na rua ou na grama e dar uma descansada. Leve também sacos plásticos pra guardar o seu lixo na bolsa ou mochila, caso não encontre latas de lixo na rua naquele momento. 
5) Mora no Centro de São Paulo? Chame os amigos pra uma pré ou pós-Virada e faça de sua casa o QG pra galera poder usar um banheiro limpinho, dar uma descansada, comer, beber e se encontrar. Alguns mais precavidos  alugam quartos com os amigos em hotéis no Centro. No Ibis Budget, por exemplo, a diária é de R$ 112,00 em um quarto para até três pessoas e inclui café da manhã.
6) O legal de curtir a Virada é aproveitar o máximo de atrações, então evite os famosos "vinhos químicos" pois é revertério na certa. Você não vai querer passar o final de semana num PS e perder ótimos shows por bobeira, né?
7) Os cinemas da Virada são sempre uma opção muito divertida, com sessões temáticas. Porém em algumas salas do Centrão, para disfarçar o cheio de mofo e de "odores sexuais", as equipes de limpeza lançam mão de litros e litros de produtos químicos, o que pode irritar pessoas alérgicas. 
8) Nem todas as atrações são abarrotadas de gente, algumas são mais tranquilas, principalmente as de artistas mais alternativos e no domingo de manhã. E se você se irritou com a aglomeração é só mudar de palco. 
9) Ir de carro? Nem pensar! O metrô fica aberto a madrugada inteira e há linhas especiais de ônibus!
10) Escolha sua programação mas deixe-se também surpreender com coisas que dificilmente você vai conseguir ver de graça. E lembre-se, "se não quer brincar, não desce pro play". Entre no clima, aproveite bem e boa Virada! ;-)

 

A programação completa da Virada você vê no site oficial do evento.

Vai láhttp://viradacultural.prefeitura.sp.gov.br/programacao/completa

O pop agressivo do Vuvuvultures

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Quarteto londrino lança o vídeo "Safe Skin"; batemos um papo com Nicole Coelho, brasileira que é baixista da banda

"Pop não tem que ser 'four on the floor'", diz Nicole Coelho, brasileira que é baixista do quarteto londrino Vuvuvultures, em entrevista sobre o lançamento do single “Safe Skin” no Brasil. Tirada de seu EP VVV, “Safe Skin” não é uma canção pop quadrada, comum como você esperaria de bandas com um olho para riffs grudentos, mas ainda assim é cativante à beça. É uma combinação brilhante de linhas de baixo irregulares e sintetizadores que soam como sirenes, embalados pela contagiante performance da vocalista Harmony Boucher. “You find yourself once again in the middle of nowhere [Você se encontra mais uma vez no meio de lugar nenhum]", ela se lamenta no refrão, enquanto guitarra e bateria crescem ao fundo.

Não foi uma banda que se formou com a intenção de criar esses riffs grudentos. "Propósito é uma adição muito recente à nossa estratégia de composição." Ela poderia ter nos enganado, mas o resto do EP não deixa nada a desejar: abre com “Ctrl Alt Mexicans”, uma ode agressiva a uma festa que dá muito, muito errado. Em “Pills Week” a banda se aventura pelo universo do synth-metal. "Somos todos uns paga-paus de uma boa melodia..." Nicole continua: "Talvez por causa da nossa curta capacidade de concentração e da predileção por uma roupagem elegante que se manifesta como canções pop!"

A banda foi formada em 2011 e alcançou certa notoriedade inicialmente pelas suas estranhas festas “The Island”, que aconteciam em vários galpões onde uma das principais atrações era o fato de que o fundo do palco era uma pilha de TVs que alternavam o brilho da estática com imagens bizarras durante a noite toda. Mais recentemente, para o lançamento do álbum no Reino Unido, eles tocaram o disco em fliperamas construídos especialmente para a ocasião, com a mesma distorção e estranheza visual.

O EP será lançado pela F2Z Records em 23 de maio, apenas em vinil (bem bonito), e a banda fará três shows no Brasil entre 25 de maio e 1º de junho. Na verdade, é a primeira vez que tocam fora do Reino Unido. Você pode vê-los no Circo Voador, no Rio de Janeiro, em 25 de maio, no Hoxton Rooftop em uma festa da Jack Daniels, em São Paulo, em 29 de maio, e no Cine Joia, também em São Paulo, no dia 1º de junho.

Pop não tem que ser chato, e Vuvuvultures provam exatamente isso. Agressivos, carregados de riffs e cheios de ideias, eles talvez não consigam prestar muita atenção, mas definitivamente despertaram a nossa.

Assista agora à première do vídeo, com exclusividade no Music Forward:

Vai lá: Vuvuvultures no Brasil
25/05, sábado, Circo Voador - Rio de Janeiro/RJ
29/05, quarta, Jack Daniels Party/Hoxton Rooftop - São Paulo/SP
01/06, sábado, Cine Jóia  - São Paulo/SP
www.facebook.com/vuvuvultures

Pedro Baby

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Pedro Baby pouco recorda da primeira vez que foi aos Estados Unidos. “Só me lembro do rebuliço todo em volta”, diz ele sobre quando, junto de suas irmãs e seus pais, Pepeu Gomes e Baby do Brasil, foram barrados na Disneylândia pelos patriarcas serem tão ou mais chamativos que as atrações do parque. O episódio até virou música.

Sua segunda incursão em solo norte-americano, ao contrário, foi bem sucedida - embora o começo difícil. Com dois mil dólares no bolso e nada de inglês na boca, o rapaz, então com 16 anos, se debandou de casa como fizera sua mãe décadas antes. “Ou eu metia a cara nos estudos e dava uma parada com música ou eu partia pro mundo.”

Em 1996 ele trocou as praias cariocas pelo Queens com o violão a tiracolo. Em pouco tempo já tocava na noite, juntando novas referências a conhecimento que trouxera na mala e no sangue. “[Meu pai] queria muito que eu manifestasse a vontade de ser músico por conta própria, mas os grandes ensinamentos vieram da convivência [com ele]”, lembra.

Entre idas e vindas na conexão EUA-Brasil, Pedro foi colecionando trabalhos enquanto evoluía musicalmente. A lista já tinha Bebel Gilberto, Marisa Monte e Ana Carolina quando veio o convite fatal de Gal Costa: “Eu não esperava ficar na lista de músicos chamados e foi uma alegria muito grande. Me senti muito honrado”.

Para fechar a mão de grandes cantoras só faltava ao bom filho tornar a casa. Aos 34 anos convidou a mãe a retornar aos palcos da música popular brasileira - que só aceitou após uma conversa divina e uma ajudinha terrena. “Você acha que Deus não quer que uma mãe toque com seu filho?”, brinca Baby do Brasil durante um dos elogiados shows da turnê Baby Sucessos.

No palco, Pedro se reúne a amigos de longa data para tocar um repertório com poucas mudanças de arranjos e canções escolhidas a dedo por ele. Empunhando a guitarra e interpretando clássicos como “Masculino e Feminino”, o rapaz inevitavelmente faz lembrar seu pai, mas sua assinatura também soa nas cordas.

Por isso mesmo um disco com seu nome escrito em letras garrafais não deve tardar, diz ele, mas sem deixar de lado as parcerias. “Independente de lançar um trabalho, de ter uma história minha, não quero deixar de colaborar com artistas que admiro e com músicos que me identifico”, avisa esse outro menino do Rio.

Como você começou a tocar?
Pedro Baby: A música sempre esteve presente em casa, mas eu comecei a tocar a partir dos 14 anos. Eu tinha violão em casa e um dia eu estava tentando arranhar um acordes de “Preta Pretinha”, meu pai meu viu tocar e me mostrou uns dois ou três acordes da música. Isso é uma lembrança clara que tenho. Foi através do violão, naquele momento, que comecei a tocar. Depois fui evoluindo. Na época, meu padastro, o Nando Chagas, formado na Berkeley, foi uma pessoa que me auxiliou muito. Me deu muito material para tocar. Com um tempo eu comecei a dar canja no show da minha mãe, mas só um bom tempo depois que eu comecei a participar das coisas com meu pai. Mas isso durou até os 17 anos, quando eu decidir ir embora para os Estados Unidos.

E como era a relação com seu pai? O que eu pude ver de show, ensaio, de formar de lidar com música, o apego ao instrumento, tudo isso é tão importante quanto ter um professor falando. Ele queria muito que eu manifestasse a vontade de ser músico por conta própria, mas os grandes ensinamentos vieram da convivência. Tanto que quando eu comecei a demonstrar que aquilo era meu caminho, naturalmente surgiram mais oportunidades de aprender com ele. Mas sempre foi algo mais comigo mesmo. Me dou bem com ele. Tocamos juntos no passado.

E qual a sua relação com sua família? Minha mãe criou a gente com muita liberdade. Cada um tem uma personalidade bem definida. Meus irmãos, como vieram de outra geração, não pegaram essa coisa de estrada, show, ensaio. São de uma geração de festa, rave, boate. Isso é uma cultura mais forte para ele. Os dois são produtores de música eletrônica, mas não se transformaram em músicos propriamente dito. Minhas irmãs tinham o SNZ, mas agora cada um segue seu caminho. Cada um correndo atrás do seu espaço, da sua onda musical. Não é fácil vir de uma família musical de onde vem uma certa responsabilidade para apresentar um trabalho de qualidade, uma carreira firme. Às vezes é mais difícil. Pode abrir portas, mas pode te prender. Então cada um tem buscado uma evolução, um caminho para seguir. A gente é junto, mas cada um com seu caminho.

 

"Não é fácil vir de uma família musical de onde vem uma certa responsabilidade para apresentar um trabalho de qualidade, uma carreira firme. Às vezes é mais difícil. Pode abrir portas, mas pode te prender"

 

E qual era o cotidiano na sua casa quando você era garoto? Meu pai sempre gostou de ter estúdio em casa, então me lembro muito de banda tocando, ambiente musical. Aquela alegria em casa. A extensão do que foi os Novos Baianos. Quando acabou a banda, a maior parte dos músicos seguiu na carreira solo do meu pai e da minha mãe, então já tinha um afinidade muito grande entre eles de convivência e aquilo se estendia na estrada. O que mais me fascinou foi esse convívio. Quase como se você estivesse com seus amigos da escola e tivesse aquela excursão! Eu sentia muito isso. A alegria, a bagunça que tinha na escola tinha no final de semana com aquela turma. Minha sempre procurou levar a gente, sempre que ela pode -- acho que ela levou até demais! Mas a gente queria muito. Eu também, por ser o homem mais velho, me fazia presente, buscava ser útil para participar de uma forma bacana. Era essa convivência até o período em que eles viviam juntos. Mudou um pouco quando eles se separaram e houve núcleos diferentes de convivência. Eu tinha entre 8 e 10 anos quando isso aconteceu.

E como foi depois da separação? Os filhos todos continuaram com minha mãe, meu pai foi buscar outra casa, mas a gente continuou convivendo. Aí aconteceu outro núcleo: no trabalho da minha mãe tinha outros músicos, outra turma viajando, e no trabalho do meu pai era outra turma, outra banda. Naturalmente, uma criança sente um pouco a distância, a quebra daquele ambiente de convivência, mas minha mãe soube lidar muito bem. Ela conseguiu manter o elo. Foi uma adaptação que é normal na vida de muita gente. Apesar de eles terem uma imagem muito forte juntos, mais do que muitos casais.

E por que depois de um tempo você resolveu ir aos Estados Unidos? Foi uma questão de oportunidade também. Aconteceu. Eu tinha 16 anos e comecei a sentir dificuldade de conciliar essa vida de estrada, estudos… Não estava rendendo bem: queria viajar, fazer show, queria me concentrar naquilo. Muito por causa do meu padrasto, um cara que teve a oportunidade de estudar em Boston, eu sempre ouvia as histórias. Como era a experiência de estudar fora. E eu também tinha um sonho de conhecer Nova Iorque desde pequeno. A meca da música, das coisas eletrônicas, das guitarras e tudo o mais. Sempre tive uma vontade muito grande de conhecer e até aquele momento eu não tinha ido para lá. Surgiu uma oportunidade através de um amigo. Ele me emprestou uma grana, já tinha morado lá e resolveu me levar. Eu não sabia uma palavra em inglês. Ou eu metia a cara nos estudos no Rio e dava uma parada com música ou eu partia pro mundo. Correr atrás de um negócio meu e realmente responder sobre meus atos. Acabei optando por isso. Graças a Deus eu tive sorte e hoje estou aí pagando minhas contas direitinho!

Sua história é bem emblemática para artistas brasileiros. Ela lembra a do Tim Maia, que também foi para os Estados Unidos bem jovem. Como foi sua chegada lá? Eu fiquei impressionado com as condições que ele foi na época. É um negócio absurdo. As minhas condições foram um pouco melhores! Mas também foi quase “uga-uga”. Eu não falava uma palavra de inglês, tinha dois mil dólares e passagem de volta marcada para dois meses depois. A minha sorte é que eu tinha uma irmã morando lá, então ela me recebeu e dormi dois dias na casa dela. Mas como eu estava com um amigo e os apartamentos lá são pequenos, a gente tinha que arranjar um lugar. A gente teve que correr muito atrás e muito rápido. Em dois dias a gente alugou um apartamento no Queens, fora da ilha, e aí começou a vida. Aí você faz tudo até começar a trabalhar com música. Eu dei sorte que dentro de um mês estava fazendo conexões musicais e consegui entrar em um trabalho bacana. Foi a base da minha estrutura nos Estados Unidos nos primeiros 5 anos.

Fernando Young/Divulgação

Pedro e Baby

Pedro e Baby

Isso foi com a guitarra? Foi com o violão. Eu virei guitarrista anos depois. Quando eu fui para o aeroporto eu tinha essa dúvida de qual instrumento levar: eu tinha um violão e uma guitarra. Nessa hora foi que eu defini o caminho para minha vida também. Pelo fato de eu ter levado o violão, muitas portas se abriram nos Estados Unidos por ter a sonoridade brasileira. Na guitarra eu ainda era muito verde. Provavelmente se eu tivesse optado pela guitarra eu não teria sobrevivido. Seria o instrumento errado. Foi uma escolha determinante. Os trabalhos que eu consegui, consegui por causa do violão. Fazia show na noite. Inclusive dois integrantes da banda em que eu toquei estão hoje no trabalho da Baby. Pessoas que conheci lá, se tornaram amigos e até hoje estão comigo. Em 99 eu tive um convite do Davi Moraes para participar de um disco produzido por ele. Voltei ao Brasil para ensaiar, fazer shows, lançamento. Quando deu uma esfriada de novo meus amigos me ligaram com outra oportunidade nos Estados Unidos. Fechei a mala e resolvi voltar. Fiquei mais uns bons três anos. Foi quando surgiu convite para trabalhar com a Bebel Gilberto. Tinha um trabalho fixo. Isso foi em 2003.

Você gravou algo com ela? Gravei. O convite para ficar na banda dela veio através do disco. Ela gravou uma composição minha em parceria com Daniel Jobim [a faixa "Everyday You’ve Been Away"]. Acabei gravando outras músicas no disco e quando vi era basicamente meio disco. Aí surgiu o convite para entrar na banda. Fiquei basicamente dois anos trabalhando com a Bebel. Aí comecei a ficar com saudade do Brasil, sentia falta da minha família, várias coisas que não eram latentes nos primeiros anos de Nova York. Voltei e fui gravar no disco Infinito Particular da Marisa Monte. No meio da gravação eu senti que ela estava montando uma banda nova que ia sair em turnê. Me ofereci para trabalhar com ela. Tinha acontecido um convite dela em 2000, mas ali, cinco anos depois, tive essa oportunidade e falei para ela que ia voltar ao Brasil. Foi quando fiz a turnê “Infinito Particular”. Conheci mais um integrante da banda da Baby nessa ocasião. Depois tive convite de trabalhar com a Ana Carolina durante dois anos e após isso surgiu o convite da Gal.

Como foi seu trabalho com a Gal Costa? Foi uma surpresa. Eu não esperava ficar na lista de músicos chamados e foi uma alegria muito grande. Me senti muito honrado. Foi uma grande responsabilidade. Pela história dela, pela conexão com minha família - meu pai tocou com ela no disco Fa-Tal. Foi um momento de afirmação como músico. O trabalho tem uma visibilidade muito grande na parte musical porque são apenas três músicos. É preciso desenvolver uma história bacana. Depende muito de como você vai executar aquilo. Foi um desafio que eu levei com muita honra. Mais ainda por acompanhar a maior cantora do Brasil.

Um dos filmes sobre os Novos Baianos se chama “Filhos de João”, em referência à influência do João Gilberto sobre o trabalho dos seus pais. Você também se considera um filho de João? João Gilberto foi uma coisa que, por mais que existisse a conexão com os Novos Baianos, eu não tinha a consciência musical de quanto aquilo foi importante para eles. Só vim a ter essa consciência musical quando eu fui morar nos Estados Unidos. Foi quando eu tive meu encontro com o João Gilberto. Depois eu liguei uma coisa a outra. Descobrir isso foi muito determinante na minha escola musical. O caminho harmônico e melódico, a síntese do samba, a influência da música brasileira que vem com ele.

Depois de todos esses projetos, nem de longe você pode ser visto como músico de apoio. Seu trabalho como compositor, em que medida ele afeta os shows que você faz hoje com a Baby? Essa parte de compor, para mim, veio primeiro. Comecei a tocar porque eu tinha melodias na minha cabeça e queria fazer música. Quando eu fui para os Estados Unidos tocar na noite foi quando eu comecei a aprender a tocar canções de outros artistas, conhecer outros universos musicais. A composição vem primeiro e é um processo que não para. Tem as safras. Tem épocas que você está muito mais propício a compor e tem outras que você está focado em realizar trabalhos, ideias que já concebeu, arranjos que já pensou e aí você vai para estrada botar aquilo em prática.

E onde está sua assinatura nesse espetáculo enquanto diretor musical e guitarrista? Primeiramente na escolha do repertório. É onde está o conceito de todo o trabalho. No que eu queria mostrar pro público. Isso é onde está minha maior assinatura. Além disso tem a escolha das pessoas que estão trabalhando comigo, pelo fato de terem uma relação pessoal comigo, é importante para o clima do que está acontecendo no palco. E na questão dos arranjos não tinha muita coisa para ser mexida. Não tem como descaracterizar algo que tem uma personalidade muito forte. Você precisa adaptar isso para a realidade dos músicos atuais. Não tinha sopro originalmente, por exemplo. O dedo está nessas questões fora do palco e na liberdade para para fazer a leitura de uma forma nova.

Tem algum momento em que você toca guitarra baiana, instrumento que seu pai usou? Não. Foi um instrumento que eu não desenvolvi por bobeira minha. Talvez por não tê-lo e não me identificar tanto com ele. Eu vim do violão, trabalhei muitos anos como violonista. Não ter tido uma guitarra baiana para estudar aqueles temas todos. Me tornei guitarrista quando trabalhei com a Ana Carolina. Ela me viu tocar a primeira vez quando eu produzi o disco da Preta Gil. A gente fez um show, a Ana me viu tocando guitarra e a visão dela era de guitarrista. Quando eu fui trabalhar com ela eu tive a oportunidade de pegar o instrumento, explorar ele no palco.

Então não foi nos Estados Unidos? Não. Lá foi muito pouco. Eu era muito verde como guitarrista lá.
Mas você traz referência de guitarrista de lá? Com certeza. Não precisava nem ir lá. Meu pai tem uma referência muito forte do Jimi Hendrix, do Santana, do Jeff Beck, Stevie Ray Vaughan. Pelo meu padrasto eu tinha uma influência do George Benson, esses caras mais do jazz.

Você pretende voltar ao violão? Não abandonei, não! No show da Gal é 60% guitarra e 40% violão. É um lugar em que posso tocar violão do jeito que eu gosto. Ela tem uma influência do João muito forte. Não só dele, mas também do Jorge Ben, o violão mais escovado, do Gilberto Gil, com “Barato Total”. O trabalho da Gal é um resumo. Tem um pouco de tudo. Tem o lado guitarrista forte, tem solo, guitarrista melodioso, violão de samba, violão suave, violão escovado. O show dela é bem completo. Acho até que por essa formação do violão eu fiquei ali na lista dela.

E você e o Davi Moraes? Vocês são grandes amigos, certo? Sim. O Davi tem uma importância muito grande. É um cara que abriu caminhos pra mim no Brasil. Pelo músico que ele é, pela escola que ele representa, ele me trouxe junto. O fato de ele ter tocado com a Marisa estabeleceu um universo musical que depois eu dei segmento. Com o Moraes que ele me deu oportunidade de trabalhar. Não só por isso, mas pelo fato de ele ser muito ligado ao meu pai e eu não ter meu pai mais em casa, ele me mostrou muita coisa. Isso eu tive com o Davi.

 

"Hoje em dia o artista acaba buscando primeiro ser uma celebridade que realmente ser um artista de música. O foco acaba sendo nisso: na fama, um caminho de popularidade que talvez vá levar a música mais longe, mas isso não perpetua"

 

No mundo como um todo você acha que a música boa está perdendo espaço? O foco é outro. É muito na imagem, comportamento, estilo de vida. Está mais por aí que propriamente a música, a canção, a mensagem. 

Quando você fala em imagem e comportamento, não tem como não pensar nos Novos Baianos. Eles trazem informação não só pela canção, mas também pela imagem e pelo comportamento. Hoje em dia é o inverso, não acha? A imagem e o comportamento nos Novos Baianos era uma coisa natural que era incrível justamente por isso. Por trás daquele comportamento vinha aquela música com força tão grande. Não adianta nada ter aquele comportamento todo e a música não falar. Provavelmente se o comportamento não fosse aquele, mas a música fosse daquele jeito, também teria uma força. Acho que o bacana é a união das duas coisas naturalmente. Hoje em dia o artista acaba buscando primeiro ser uma celebridade que realmente ser um artista de música. O foco acaba sendo nisso: na fama, um caminho de popularidade que talvez vá levar a música mais longe, mas isso não perpetua.

Parece que você está sempre acompanhado do Betão [filho do Paulinho Boca de Cantor], do Davi Moraes também... Queria entender melhor se vai rolar alguma coisa com eles, se você tem projeto solo… Tenho vontade de fazer coisas com diversas pessoas que eu gosto. Tenho a intenção de lançar meu trabalho solo, minhas canções, músicas que gosto de tocar, interpretar. Tenho vontade de fazer isso. Em disco mesmo tenho vontade de lançar minhas canções. Independente de lançar um trabalho, de ter uma história minha, não quero deixar de colaborar com artistas que admiro e com músicos que me identifico. São coisas que não quero deixar de fazer. Quero arranjar um equilíbrio bacana. A fonte de inspiração e de novas ideias é esse bate-bola com pessoas que você se identifica. Provavelmente a gente vai fazer coisas juntos. É natural. Não dá pra fugir disso. É questão de tempo. No momento o foco é esse DVD da Baby e na sequência eu quero gravar um disco do show. Eu quero fazer tudo isso até o final do ano.

Para fechar: às vezes rola uma bronca da sua mãe no palco? “Não sola tanto” ou algo assim?! Não, não! A bronca, se tiver, é minha! Eu que fico, em determinados momentos, cuidado pra gente ir num caminho. Mas ela se diverte muito, ela adora. Tem um cuidado para deixar tudo bacana. Tem uma questão de proteção muito forte. É um instinto. Tem isso de deixar tudo bacana para ela poder se divertir, curtir. No fundo ela está ali se divertindo!

O episódio da Disneylândia, em 1983

Pedro Baby em 2013

Albergue.art

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Divulgação

Clara Valente

Clara Valente

Um albergue é onde as pessoas chegam com suas malas para dividir experiências com quem pertence àquele lugar. O projeto Albergue.art, que começou a dar as caras por aí, tem como proposta ser um albergue de música, unindo ritmos, lugares e culturas diferentes.

O lançamento oficial acontece neste sábado, dia 26 de outubro, com música para todos os gostos: do rock ao folk, de São Paulo a Sergipe. A carioca Clara Valente canta seu repertório repleto de clássicos da MPB moderna, assim como suas canções próprias. Philip Long, de São Paulo, também se apresenta com canções que falam sobre relacionamentos e que fazem parte de seu CD Gratidão, lançado em junho. E, por fim, os irmãos sergipanos Bruno e Leo Mattos, da Bicicletas de Atalaia, trazem suas influências da bossa nova ao palco.

A entrada é gratuita.

Vai lá: Clara Valente + Phillip Long + Bicicletas de Atalaia
Onde? Praça Victor Civita - Rua Sumidouro,580, Pinheiros - São Paulo
Quando? Sábado, 26/10, às 15h
Quanto? De graça

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